Rio - Menos de 14 horas depois do enterro do soldado Fabiano de Brito e Silva, outro policial militar foi assassinado no Rio. O sargento Hudson Silva Araújo acabou baleado em meio a um patrulhamento na UPP do Morro do Vidigal, na madrugada de ontem. Uma rotina trágica, que transformou os policiais em vítimas constantes da violência no estado. Só neste ano, foram pelo menos 91 assassinatos. A média é de uma morte a cada 54 horas. E aumento de 46,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram 62 homicídios de PMs até esta data. Em um cenário de terror, parentes e amigos de vítimas se mobilizam para protestar.
Ontem de manhã, cerca de 400 pessoas participaram da Marcha Nacional Pela Vida dos Policiais Militares e Segurança Pública do Rio de Janeiro. A manifestação aconteceu em Copacabana, no trecho entre os postos 4 e 5 da Avenida Atlântica. Além do Rio, ocorreram, simultaneamente, manifestações em outras capitais e cidades do Brasil.
Os manifestantes estavam com faixas, cartazes e camisas. No fim da caminhada, cruzes com os nomes dos agentes mortos neste ano foram fincadas na areia de Copacabana.
Também havia um caixão com um boneco vestindo a farda da PM. Antes do protesto, parentes e amigos dos agentes mortos rezaram o Pai-Nosso e cantaram o Hino Nacional.
Mulheres e viúvas discursaram contra a violência e a falta de condições de trabalho. Entre elas, Rogéria Quaresma, mulher de um policial militar, que integra o grupo Somos Todos Sangue Azul, composto por familiares de PMs. “Infelizmente, meu marido pode ser o próximo. Mas não aceito ser a próxima viúva, não quero isso para a minha família”, disse.
A mãe e a irmã do cabo Thiago de Oliveira Lance, morto em 23 de fevereiro após deixar a UPP Camarista Méier, também estavam lá. “Hoje (ontem) faz cinco meses que meu irmão morreu. Por isso, acho importante a marcha, que serve para mostrar para a sociedade que a gente existe e para lutar pelos que estão vivos”, desabafou Roberta Lance.
EM BUSCA DOS ASSASSINOS
O Disque-Denúncia está oferecendo recompensa de até R$ 5 mil para quem der informações que levarem à prisão dos assassinos de policiais militares. De acordo com o serviço, policiais foram mortos apenas por serem identificados como agentes públicos. O cartaz foi compartilhado no perfil oficial no Twitter da PM do Rio.