Rio - A PM atravessou o samba. Autorizada pela prefeitura do Rio por decreto Municipal 43.423, que garante a realização de rodas de samba pela cidade, a Roda de Samba Pede Teresa, realizada todas as sextas-feiras na Praça Tiradentes, no Centro, foi impedida de acontecer, ontem, por policiais do 5º BPM (Praça da Hamornia), segundo um dos organizadores do evento.
De acordo com o relato dele nas rede sociais, um policial identificado como tenente Davi alegou que a festa está causando problemas para a região, como assaltos. A proibição foi relatada na página Rede Carioca de Rodas de Samba. O evento tem a participação de mais de 80 profissionais.
Em nota, a prefeitura confirmou a autorização da roda e informou que “a Secretaria de Cultura e da Superintendência vão se reunir com os produtores do evento e com o 5° BPM para garantir sua realização sem maiores transtornos”.
No vídeo, um dos organizadores conta que já estava tudo preparado para a roda de samba começar quando foram advertidos pelo tenente Davi. “Estávamos aqui com tudo montado, profissionais já a postos, som, DJ, lona e banheiros e segurança na região. Recebemos aqui o tenente Davi, do quinto batalhão. Ele alegou que esse evento aqui está trazendo muito problema para a região, em relação a assalto. A gente sabe que isso é um pouco contraditório porque muita gente fala que o evento aqui é benéfico para a região justamente porque tem muita gente aqui. Onde se tem movimento não tem violência dessa forma. Um evento desse não traz violência dessa forma, a gente sabe disso. E mandaram a gente tirar todas as mercadorias”, relatou o organizador, que acatou a ordem.
Ele disse ainda que fez contato com o comando do batalhão, mas que a decisão não foi revertida. “Já entramos em contato com o comandante do batalhão, pedimos que ele aguardasse mas, mesmo assim, se torna irredutível a ação dos policiais. A gente está desmontando o evento e hoje (ontem) não tem Pede Teresa. Mais de 80 profissionais sem trabalho”, finalizou o organizador. A PM ainda não se pronunciou sobre o caso.
Procurado pelo jornal DIA, Léo Rosário, um dos organizadores do evento, afirmou ao jornal que não existiu razão específica para o impedimento do 'Pede Teresa', além de não ter sido informado sobre uma possível barração: "Não recebemos nenhum aviso prévio e não teve razão especifica (para o impedimento do evento). Nós fazemos a roda de samba há um ano e meio e estávamos com o alvará que permitia a realização.", afirmou.
Ainda de acordo com Léo, o policial que informou que a o evento não poderia ser realizado não tinha identificação em seu uniforme. "O tenente que nos informou sobre a barração da roda de samba estava com o nome encoberto na farda. Tive de perguntar o nome dele para saber com quem estava falando", disse.
Léo também revelou que a Rede Carioca de Rodas de Samba, reponsável pela realização de eventos do tipo na cidade, entrou em contato com o comandante da Superintendência do Centro, Marcelo Rotemberg, para tentar um acordo com o comando do 5º BPM. Segundo ele, não houve resposta.
Nas redes sociais pessoas criticaram a ação da PM. “Triste realidade”, escreve uma internauta. “Era só o que faltava. A segurança pública tentando escapar de suas obrigações”, relatou outra. “ Vergonhonhoso! Omissão e opressão da cultura”, escreveu outro. É inacreditável isso. Falta respeito com o trabalhador e o samba que é uma das nossas cultura”, reclamou uma mulher. “Se o problema é segurança então por que a polícia não resolve”, questionou um internauta.
Colaborou o estagiário Rodrigo Sampaio