Por adriano.araujo

Rio - Em uma clima de forte comoção e revolta, o corpo do inspetor da Coordenadoria de Recursos Espeiciais (Core) Bruno Guimarães Buhler foi enterrado na manhã deste domingo no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.

Além dos familiares, a cerimônia contou com a presença de dezenas agentes da Polícia Civil e também de outras forças policiais. Carlos Leba, chefe da instituição, lembrou que Xingu, como era conhecido, tinha um filho e lamentou a perda em pleno Dia dos Pais.  

"Hoje no Dia dos Pais entregamos bandeiras dobradas. Eu acho que o presente para esse filho deve ter tido uma conotação diferente de presente e um dia isso vai ser revelado", disse o chefe da Polícia Civil.

Enterro de agente da Core morto no Jacarezinho foi acompanhado por diversos companheiros%2C além de policiais de outras forças de segurançaSeverino Silva / Agência O Dia

Também esteve presente na cerimônia o Secretário de Segurança Roberto Sá, assim como aconteceu ontem, no enterro do policial da UPP São João, morto no Méier. Ele disse que os policiais trabalham em condições totalmente adversas e pediu o apoio da sociedade.

"Eu pergunto: quem está ao lado da polícia? Quem? Só sabem criticar a polícia! E quando erra a gente pune com rigor, não há medo de transparência. Pelo contrário, nós exigimos ser acompanhados por todos os órgãos de controle", criticou.

Recompensa de R$ 5 mil por denúncias

?O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 5 mil por informações que levem à prisão do assassino de Bruno Buhler. O agente era considerado um dos maiores atiradores de elite da Polícia Civil.

Ele foi baleado durante um confronto com traficantes na favela do Jacarezinho na tarde de sexta-feira. O agente, atingido pelo projétil no pescoço, chegou a ser socorrido para o Hospital Geral de Bonsucesso, mas não resistiu. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o policial chegou na unidade em estado grave e morreu após uma parada cardíaca.

As denúncias podem ser enviadas pelo Whatsapp ou Telegram dos Procurados (21) 98849-6099; pela mesa de atendimento do Disque-Denúncia (21) 2253-1177, pelo facebook/(inbox), endereço: https://www.facebook.com/procurados.org/, ou pelo aplicativo do DD/Rio. O anonimato é garantido.

Ao menos 12h de tiroteio e mais um agente da Core baleado

Moradores da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte, viveram pelo menos 12 horas de intenso tiroteio na comunidade, que começou no fim da tarde deste sábado e se estendeu pela madrugada de hoje. Mais uma vez um policial da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, foi baleado. Quem tentava entrar na favela não conseguia por conta dos tiros e há relatos de outros feridos. 

O agente da Core Marcelo Antônio Ventura Golpini foi socorrido para o Hospital Geral de Bonsucesso. A sala de polícia da unidade informou, na tarde de sábado, que o estado de saúde do agente era estável e ele não corria o risco de morrer.

Ramal de trens de Belford Roxo parcialmente interrompido 

Os tiros disparados durante o confronto na Favela do Jacarezinho atingiram a rede aérea do Ramal de Belford Roxo, que corta a comunidade, ainda na tarde de sábado. Desde então, o trecho entre Del Castilho e Jacarezinho está interrompido.

Na manhã deste domingo, técnicos da SuperVia realizam reparos na rede aérea e a circulação acontece somente entre Belford Roxo e Del Castilho, além de não estar ocorrendo partidas da Central do Brasil.

A SuperVia disse que, em 2017, 19 ocorrências de segurança pública que prejudicaram a circulação dos trens. O ramal Belford Roxo é o mais afetado, sendo parcialmente interrompido 15 vezes por causa de tiroteios na região do Jacarezinho e Manguinhos. O ramal Saracuruna foi prejudicado três vezes e o ramal Japeri uma vez. 

OAB lamenta morte de policiais

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou uma nota, neste domingo, lamentando a morte dos quatro policiais, inclusive de Bruno. "A crescente escalada de violência que assola o Estado, atingindo indiscriminadamente o cidadão fluminense, nos desperta não só pesar, mas estarrecimento e indignação", destacou.

A instituição lembrou ainda que, além dos 97 PMs assassinados, 305 foram feridos em confronto com bandidos. Os números são de uma realidade de guerra que, infelizmente, contabiliza milhares de vítimas por ano no Rio, tornando rotineiro o que deveria causar assombro. Faz-se necessário quebrar a letargia. Cobrar das autoridades soluções mais eficazes, debater os aspectos da segurança e, principalmente, ouvir os agentes policiais, os mais próximos desta realidade", completou. 

Leia a nota na íntegra

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro (OAB/RJ), lamenta profundamente as recentes perdas de agentes da Polícia – quatro (três PMs e um da Core) em somente 24 horas - e se solidariza com as famílias neste momento de dor.

A crescente escalada de violência que assola o Estado, atingindo indiscriminadamente o cidadão fluminense, nos desperta não só pesar, mas estarrecimento e indignação.

Apenas em 2017, foram mortos 97 policiais. Outros 305 foram feridos. Os números são de uma realidade de guerra que, infelizmente, contabiliza milhares de vítimas por ano no Rio, tornando rotineiro o que deveria causar assombro. Faz-se necessário quebrar a letargia. Cobrar das autoridades soluções mais eficazes, debater os aspectos da segurança e, principalmente, ouvir os agentes policiais, os mais próximos desta realidade. Na semana passada, a OAB/RJ reforçou sua colaboração ao apoiar a criação da Associação Mãe de Polícia (Amapol), formada por mães que perderam filhos policiais para a violência.

O próximo passo é a realização de um grande ato, com presença do presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia, e aberto a toda sociedade civil, para avançar na busca por soluções para esse terrível cenário. É hora de uma firme resposta social. Dar um basta à situação e forjar um pacto em respeito à vida.

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