Por karilayn.areias

Rio - Rodrigo Bethlem, que ontem teve a casa e o escritório revirados pela Polícia Federal por suspeita de corrupção envolvendo empresas de ônibus e a prefeitura, revelou com exclusividade ao Informe que mantinha um contrato com o Rio Ônibus. Diz que, em nome de sua companhia BB Parcerias e Participações LTDA, o acordo teve validade de fevereiro de 2015 a maio de 2017. “A polícia não vai achar meia dúzia de mensagens minhas com o Lélis Teixeira (presidente do Rio Ônibus, preso na Operação Ponto Final). Vai achar umas 600!”

Bethlem afirma que fazia diariamente análise de conjuntura política e econômica, além de desenvolver pesquisas de opinião para o sindicato das empresas de ônibus. “A cada mês, ficava duas horas à disposição para tirar dúvidas. Os contatos eram feitos por telefone ou presencialmente”, diz. O mesmo serviço também seria prestado a outras empresas.

Em posse da PF
Bethlem afirma que o contrato entre a BB Parcerias e Participações e o Rio Ônibus foi apreendido pela Polícia Federal em seu escritório. E que remeterá à PF os informativos que enviava a Lélis Teixeira. “Não havia relação espúria. Caso houvesse, não iria usar o nome da minha própria empresa, né? O contrato foi encerrado em maio. Alegaram contenção de despesa.”

Mensagens
Sobre a troca de mensagens com Lélis divulgada ontem, Bethlem mantém cautela. Diz que, como seu celular foi apreendido, e o conteúdo data de dezembro e janeiro, prefere não fazer comentários sem avaliar todo o contexto da conversa.

Vínculo com Paes
Secretário de Governo e de Ordem Pública na gestão de Eduardo Paes (PMDB), Bethlem afirma: “Quando fui contratado em 2015, não era mais vereador, não era mais secretário. Paes e eu já havíamos brigado e rompido. Como poderia haver interesse do Rio Ônibus em me contratar para obter vantagens na prefeitura se era público que o prefeito e eu não nos falávamos?”.

Vínculo com Crivella
Sobre o atual prefeito, Bethlem afirma: “Na época da assinatura do contrato, eu nem falava com o (Marcelo) Crivella (PRB). Todo mundo achava que o Paes, muito bem avaliado na ocasião, faria o sucessor. Ajudei voluntariamente o Crivella na eleição do ano passado porque vi uma alternativa ao PMDB. Não participei da transição e não participo do governo.”

Derrubou o aumento
Pedra no sapato de Crivella, o advogado Victor Travancas, que já entrou com mais de 40 ações contra a prefeitura, sai em defesa do desafeto: “No que pesem todas as críticas, foi o primeiro governante carioca em 24 anos a ir à Justiça para derrubar o aumento do preço das passagens pleiteado pelas empresas de ônibus. Isso comprova que não houve continuidade de práticas ilegais.”

Você pode gostar