Rio - Um dos principais centros espíritas da Zona Sul do Rio, a Casa do Mago foi atacada pela terceira vez em menos de um mês. O portão do local, no Humaitá, foi incendiado por volta de 1h desta quarta-feira. De acordo com a PM, policiais do 2º BPM (Botafogo) foram faziam patrulhamento pela região quando ouviram um barulho. No entanto, os suspeitos conseguiram fugir.
Não há informações sobre feridos no local. Conhecido como O Mago, Ubirajara Pinheiro registrou o caso na 10ª DP (Botafogo). Os outros dois casos ocorreram nos dias 31 de julho e 2 de agosto. Na segunda vez, os bandidos jogaram um artefato explosivo dentro da casa. O DIA tentou entrar em contato com algum representante da Casa do Mago, mas ninguém foi encontrado.
Em nota, a Secretaria de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) repudiou mais um ataque à Casa do Mago. Para o secretário Átila Nunes, "milícias religiosas podem estar por trás desses casos".
“Este ato de intolerância religiosa não foi realizado por um 'lobo solitário'. Os criminosos, assim como no último ataque, utilizaram uma bomba caseira, feita com pregos, chegaram de carro e com os rostos cobertos. A perseguição não é apenas contra o mago, pois se fosse algo pessoal eles também poderiam agir fora do templo. A perseguição é religiosa. Ao atacarem um templo de matriz africana, que expõe imagens de santos e cultua os orixás, eles atacam a religião e todos os umbandistas e candomblecistas. Milícias religiosas podem estar por trás de ataques à Casa do Mago. Isso é intolerância religiosa”, explicou.
Apenas no último ano, foram registrados através do Disque 100, 79 denúncias de casos de intolerância religiosa no estado. O número representa um crescimento de 119%, quando comparado ao ano anterior.
Para que haja uma punição contra esses crimes, o secretário reforçou a importância da criação de uma delegacia especializada: “A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância vai estimular os registros de ocorrência e, consequentemente, diminuir a impunidade. Teremos um ambiente mais acolhedor e profissionais dedicados e preparados para receber e conduzir casos de intolerância religiosa, racismo, xenofobia, LGBTfobia, entre outros crimes de ódio”, afirmou Átila Nunes.
A secretaria informou que está em contato com a Polícia Civil para mais esclarecimentos e acompanhamento do caso da Casa do Mago. "A SEDHMI oferece assistência psicológica, social e jurídica às vítimas de intolerância religiosa no Rio de Janeiro. As denúncias podem ser feitas através da Superintendência de Igualdade Racial e Diversidade Religiosa pelo telefone (21) 2334 5540", completou, em nota.