Por karilayn.areias
Marcelo Hodge CrivellaMarcio Mercante / AG. ODIA

Rio - Enquanto aguarda o STF dar o veredicto sobre sua nomeação para a prefeitura comandada pelo seu pai, Marcelo Hodge Crivella, 32 anos, idealiza a criação de um Centro de Inovação no Rio para solucionar problemas de grandes cidades. Com a experiência do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud), Crivella Filho quer desenvolver projetos para a geração “nem-nem” e disputar eleição. 

ODIA: Sua nomeação como secretário da Casa Civil causou polêmica. O que aconteceu?

CRIVELLA FILHO: Meu pai me convidou. Fui nomeado dia 1º e suspenso dia 9 de fevereiro. O ministro Marco Aurélio (de Mello, STF) suspendeu minha nomeação e me tirou da Casa Civil. Quando aceitei o desafio, sabia que era uma decisão que poderia ter uma briga. A gente vai respeitar a decisão.

Independente da nomeação, vai contribuir com a prefeitura?

Como meu caso foi parar no STF e lá tem uma fila enorme, e acho que não sou prioridade, não posso ficar parado. Sou muito próximo do meu pai. Hoje com meu envolvimento no instituto ligado à ONU há diversos assuntos que fazem parte do meu mundo, como sustentabilidade. São coisas ligadas à nossa conscientização global que eu levo à atenção dele. Ele me ouve e eu faço contribuições aqui e ali. Isso é inevitável. Não exerço função na prefeitura e estamos aguardando a decisão do STF.

O senhor foi nomeado para um posto na ONU?

Na verdade, tive duas nomeações no Ilanud, que é um braço da ONU. Vou ser o coordenador regional dos eventos que serão realizados na América Latina, mais especificamente no Rio de Janeiro, que vão formular o relatório que será enviado para 14º Congresso da ONU sobre Prevenção do Crime e Justiça Criminal, em Tóquio (Japão), em 2020. A gente tem um encontro, no Rio de Janeiro, com 26 delegações que vêm da América Latina e Caribe. Também sou um consultor internacional, em função da minha experiência em outros países, principalmente África, quase 10 anos. Minha formação é Psicologia, o que contribui para o trabalho do Ilanud que é o combate à violência.

A violência é o principal problema no Rio?

O Rio não merecia estar passando por isso. A grande vocação da cidade é o turismo. O Rio tem uma beleza única, onde o mar se encontra com as montanhas. E a cidade cresceu ali no meio. A vocação é o turismo, o lazer e, infelizmente, as pessoas não conseguem olhar para o Rio como destino, por causa do medo. As grandes manchetes que aparecem no exterior sobre o Rio não são sobre as belezas da nossa cidade. São sobre a violência.

Mas, que tipo de contribuição o senhor pode dar para amenizar o problema?
Olhar para o governo de fora te permite enxergar, às vezes, o que você não vê, estando dentro. O governo tem que estar alinhado a uma visão de futuro. Precisa se alimentar das melhores inovações, melhores ideias, melhores tecnologias que estão disponíveis no mundo. Estou idealizando e estudando é um projeto de Rio Innovation Hub (Centro de Inovação). Seria um ponto no Rio que estivesse em contato com os centros ao redor do mundo, que se destacam em relação à inovação. O meu envolvimento com a ONU tem me mostrado preocupações que a humanidade tem com o futuro, como o crescimento da população, água limpa e energia sustentável, entre outros. E há eventos ao redor do mundo em que pessoas estão apresentando cada vez mais tecnologias que trazem muita esperança para solução de problemas.

A juventude é um dos seus focos?

Um assunto sério que mexe com meu propósito de vida é o fenômeno dos “nem-nem”, os jovens que nem trabalham, nem estudam e nem querem. Uma pesquisa do Instituto Pereira Passos mostra que 30% dos jovens de comunidades, entre 16 a 24 anos, estão vagando por aí, sem perspectivas, sem direção. Como se coloca um sonho na cabeça dessa garotada? Eles têm potencial, são jovens criativos que poderiam contribuir. Infelizmente, até as melhores mentes podem ser aliciadas pelo tráfico. Mas, existem caminhos. Direcionar estes jovens para as profissões do futuro é um deles. Muitos jovens que se perguntam: ‘o que vou ser quando crescer?’ Eles não se identificam com carreiras tradicionais, não se veem sendo advogado, médico, engenheiro. Fui presidente de uma rede de escolas de videogame. Eu sei que tem uma turma que não trabalha e não estuda, mas joga videogame. Isso pode ser gancho para chamá-lo para a aula. É uma frustração quando o jovem não se identifica com as profissões disponíveis. Mas, será que ele teve oportunidade de conhecer todas as opções? Temos que ampliar o leque.

Vai se candidatar?

Acho que o meu desafio é disputar uma eleição para deputado federal. O Brasil clama por renovação e novas mentes na política. Penso em me engajar mas no momento não é o meu foco.

O que tem em comum com o pai?

A gente tem a voz semelhante. Ele é calmo. Eu sou igual.

Tem diferenças?
Temos trajetórias diferentes. Meu pai é engenheiro e eu me formei em Psicologia. Um tem o pensamento mais analítico, o outro, mais abstrato. Depois, ele se tornou missionário. Eu segui a vida empresarial, trabalhando nos Estados Unidos, Inglaterra e Brasil. Então, tivemos experiências diferentes que

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