Por lucas.cardoso

Rio - A operação da Polícia Civil e do Ministério Público deflagrada na manhã desta terça-feira, que investiga o pagamento de propina para a emissão de laudos e certificados do Corpo de Bombeiros, confirmou que entre os alvarás liberados indevidamente está o que autorizou a realização de jogos do Fluminense no estádio de Edson Passos, em Mesquita, na Baixada, para mandos do tricolor

O estádio Giulite Coutinho tem capacidade para receber até 15 mil pessoasJuliana Oliveira/America FC

"Em determinada conversa, isso é dito. O estádio funcionou sem autorização. Foi dada uma autorização prévia sem o cumprimento das exigências", disse a delegada Renata Araújo, durante coletiva de imprensa.

De acordo com as investigações, o documento irregular no caso do estádio Edson Passos era o Laudo de Prevenção e Combate a incêndios (LPCI). O alvará garante que o local tem capacidade de escoar todo o público em situações de pânico ou emergência.

Procurados pela reportagem, o América Futebol Clube informou que "não tratou da obtenção de Laudo (LPCI) junto ao Corpo de Bombeiros em 2016, conforme veiculado em meios de comunicação" e que "não tem nenhuma responsabilidade sobre os fatos levantados e está à disposição das autoridades". Já o Fluminense Futebol Clube ainda não se pronunciou sobre o caso.

Polícia Civil e MP investigam esquema de propinas para liberação de laudos do Corpo de BombeirosEstefan Radovicz / Agência O Dia

Operação Ingenium

Segundo dados da megaoperação, que teve como base a interceptação de escutas telefônicas, o esquema funcionava em diversas unidades do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBMERJ), em especial o 4º GBM (Nova Iguaçu), o 14º GBM (Duque de Caxias) e o Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP).

Entre os locais onde estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão estão estas três unidades da corporação, além do 8º GBM (Campinho), 12º GBM (Jacarepaguá), 17º GBM (Copacabana) e o Comando de Bombeiros de Área (CBA) da Baixada Fluminense.

Propinas compravam laudos dos bombeiros

De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança, os acusados de participar do esquema de corrupção se aproveitavam da autoridade de bombeiro militar para fiscalizar os estabelecimentos. A intenção era levar os proprietários a negociar pagamento de propina em troca de não serem notificados e multados.

Os bombeiros emitiam um laudo de exigências citando todos os requisitos de segurança para incêndio e pânico. Em troca de propina, os bombeiros emitiam o documento que atestava o cumprimento exigências, apesar de não serem cumpridas.

As investigações comprovaram que locais de diversões que reuniram grande público, como o Estádio de Edson Passos, em Mesquita, receberam as documentações sem cumprimento das exigências de segurança para proteção da vida das pessoas e do patrimônio, em caso de incêndio.

Você pode gostar