Por GABRIELA MATOS
Rio - O ex-governador Anthony Garotinho foi preso enquanto apresentava seu programa diário, na Rádio Tupi, em São Cristóvão, por volta as 10h30 desta quarta-feira. Ele foi levado por policiais federais para sua casa em Campos dos Goytacazes, onde cumprirá prisão domiciliar até o julgamento em segunda instância.
Além da prisão, Garotinho terá de entregar telefones celulares e o passaporte, por estar proibido de deixar o país.
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No dia 11 de novembro do ano passado, ele já havia sido preso suspeito de envolvimento em um esquema de compra de votos. Segundo a polícia, uma associação criminosa foi montada para fraudar as últimas eleições no município de Campos, em que foi eleita a ex-governadora Rosinha Matheus.
À época, ele foi levado para a superintendência da Polícia Federal no Rio, na Praça Mauá. O primeiro mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, na Operação Chequinho da Polícia Federal, que investiga o uso eleitoral do programa "Cheque Cidadão".
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Treze dias após a prisão, o ex-governador foi solto. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revogou a decisão e impôs uma fiança de R$ 88 mil para que ele ficasse em prisão domiciliar.
Em junho, a Justiça Eleitoral do Rio negou o pedido de prisão preventiva do ex-governador do Rio. O pedido feito pelo Ministério Público Estadual de Campos dos Goytacazes alegava que Garotinho estava ameaçando uma testemunha do caso que investiga o uso do programa assistencial Cheque Cidadão para fraudar a eleição municipal do município.
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A suposta ameaça foi relatada pela radialista Elizabeth Gonçalves em depoimento à polícia em maio. Outra acusação feita pelo promotor é de que Garotinho estivesse usando seu blog para atacar testemunhas ainda não ouvidas no processo.
Elizabeth, que trabalhou na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social de Campos, foi presa em outubro de 2016 acusada de participar de um esquema de compra de votos por meio do programa assistencial. Em depoimentos, ela informou como o suposto esquema funcionava. Em 8 de maio passado, ela procurou a Polícia Federal para denunciar as ameaças. Elizabeth diz que está sendo perseguida desde que admitiu sua participação e contou detalhes sobre a compra de votos.
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Em nota, a defesa de Garotinho repudiou "os motivos apresentados para a prisão do ex-governador e entende que a decisão de mantê-lo preso em casa, em Campos, tem a intenção de privá-lo de seu trabalho na Rádio Tupi e em seus canais digitais e, com isso, evitar que ele continue denunciando políticos criminosos importantes, alguns deles que já foram até presos".
A defesa negou ainda as acusações contra ele e informou "que ele nunca nem foi acusado de roubo ou corrupção. O processo fala de suspeitas infundadas de compra de votos, o que por si só não justifica prisão".
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"A prisão domiciliar, além de não ter base legal, causa danos à sua família já que o impede de exercer sua profissão de radialista e sustentar sua família", completou a defesa, acrescentando que o ex-governador irá recorrer da decisão.