Por thiago.antunes

Rio - Em 2008, a comunidade Santa Marta, na Zona Sul, foi a primeira do Rio de Janeiro a ser pacificada. Em 1996, Michael Jackson já a havia escolhido como cenário de um videoclipe para a música 'They don't care about us' (Eles não se preocupam com a gente). Ela rapidamente se tornou um modelo, abrindo suas portas inclusive para turistas estrangeiros. Mas a situação mudou e nem o 'Rei do Pop' é mais respeitado.

Estátua de Michael Jackson com fuzil: recado claro dos bandidosReprodução

Há um mês sua estátua de bronze, motivo de orgulho e atração da comunidade situada no Morro Dona Marta, em Botafogo, aos pés do Cristo Redentor, apareceu com um fuzil pendurado no pescoço. Desde então, houve pelo menos seis tiroteios e um policial ferido: de exemplo, Santa Marta virou um símbolo da agonia da pacificação.

O projeto nasceu há quase uma década, quando o governo do Rio decidiu mudar sua estratégia de combate ao crime, instalando as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas comunidades. Esse corpo policial, pensado para ter proximidade com os moradores, disponibilizou mais de 9.500 agentes em 38 comunidades e, embora desde 2013 tenha começado a acumular denúncias de atuações arbitrárias, permitiu que a Santa Marta vivesse seis anos sem um tiro.

Mas após a Olimpíada, com o Rio afundado na crise econômica e a redução do efetivo policial, os problemas aumentaram. "Hoje, o Dona Marta não é mais pacificado. Tem nome de favela pacificada, mas não tem mais paz", diz Zé Mário Hilário, o presidente da Associação de Moradores, que nasceu há 57 anos no morro.

O futuro parece incerto para as UPPs e para essas comunidades, onde vivem 1,5 milhão de pessoas; ou seja, um quarto da população carioca. Em agosto, a Secretaria de Segurança anunciou que irá retirar 3 mil policiais das UPPs para reforçar o patrulhamento na ruas, sobretudo na Região metropolitana, onde se concentram 86% do crime.

Embora quase 70% das pessoas considerem o projeto de pacificação falido, 60% dos moradores de comunidades com UPP querem que elas permaneçam, revelou uma pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).

Com informações da AFP

Você pode gostar