Por tabata.uchoa

Rio - Os cemitérios do Rio são verdadeiros museus à céu aberto, com mistérios de arrepiar e algumas histórias surpreendentes. As últimas serão reveladas na próxima visita guiada o chamado Tour Fantasma , no Cemitério da Penitência, no Caju, marcada para quarta-feira, véspera do Dia de Finados, às 14h. Neste cemitério estão enterradas personalidades nobres do Império, entre elas condes, viscondes e políticos.

Visita guiada inclui detalhes da capela e peça teatral de época%2C facilitando o entendimento da históriaDivulgação

O professor de História Milton Teixeira, idealizador do projeto, vai apresentar, em duas horas, a cariocas e turistas, a saga do Rio Imperial, por meio da arquitetura dos jazigos da necrópole.

"O Cemitério da Penitência é um dos mais antigos da cidade (1875), e abriga os restos mortais de grande parte da colônia portuguesa que veio para o Brasil na época do Império", ressalta Milton. Entre os túmulos, encontram-se construções que são obras de arte, de personalidades portuguesas que chegaram ao Brasil no século 19, com quase nada, mas que se enriqueceram às custas do próprio trabalho.

De acordo com o historiador, com o fim da escravidão em 1.888, os fazendeiros produtores de café tiveram que importar mão de obra portuguesa para as lavouras. Muitos deles, vindos de além mar, acabaram se enriquecendo e conquistaram títulos de nobreza, coincidindo com o marco da presença da Família Real Portuguesa na cidade.

No roteiro orientado e gratuito, e que conta até com peça teatral de época, os visitantes vão conhecer detalhes dos jazigos e da vida do Barão de Vista Alegre (Manuel Pereira de Souza Barros), rico produtor de café; do Conde de Vilela (José Luís Fernandes Vilela); Cândido Borges Monteiro, o Visconde de Itaúna, do Conselho do Imperador D. Pedro II e médico da Família Imperial.

Imponente túmulo do Conde de Vilela. Outrosnomes nobres da época do Brasil Imperial terão a história contada no Cemitério daPenitênciaDivulgação

O médico participou nos partos dos filhos do Imperador, especialmente o da Princesa Isabel.Além destes, o Comendador Francisco Ferreira das Neves, que construiu a igreja em estilo neogótico de Nossa Senhora das Neves (1858), em Santa Teresa, no Largo das Neves. Nesses locais, como se vê, a História está muito viva.

Almas penadas

Comuns em Buenos Aires, Paris e Londres, visitas guiadas em cemitérios fazem parte dos roteiros turísticos do Rio. Durante as Olimpíadas, 400 mil turistas encararam o Tour Fantasma no São Francisco Xavier e da Penitência, no Caju, e São João Batista, em Botafogo. Além de 20 prédios históricos que, como reza a lenda, são habitados por ‘almas penadas’.

Sepulturas em diversos tipos de artes

Artisticamente, o Cemitério da Penitência possui uma alameda arborizada com capelas dispostas lado a lado, que abrigam os mais ricos jazigos e mausoléus em estilo de Art Déco, Idade Média e Grego Clássico. Azulejos portugueses, obras do vitralista Gastão Formenti e esculturas de mármore de José Vicente de Souza também decoram os espaços. A única obra arquitetônica em Art Nouveau do município abriga o ossário, datado de 1907.

No ossário, de sete metros quadrados por aproximadamente sete metros de profundidade, de 110 anos, foram encontradas centenas de crânios e esqueletos. O local era usado para o enterro de pobres e indigentes. "Sem dúvida, todos aqueles ossos anônimos são de verdadeiros benfeitores do Rio de Janeiro e de própria humanidade. A eles, nossa eterna reverência", afirmou Milton Teixeira.

O Grupo Cortel, que administra o Cemitério da Penitência, onde há 11 mil sepultados, faz levantamento histórico de todos os túmulos. A expectativa é de que, em breve, novos jazigos de personalidades sejam descobertos e integrados ao roteiro de visitas. "É um resgate do passado incrível", observa o historiador.

Recentemente, uma ala ganhou o nome do eterno prefeito de Sucupira, Odorico Paraguaçu, vivido por Paulo Gracindo, já morto, na novela 'O Bem Amado', de 1973.Visitas podem ser agendas pelo site www.cortel.com.br.

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