Por thiago.antunes

Rio - Afastado do Psol após votar contra a prisão preventiva dos três peemedebistas acusados de obter propina da Fetranspor, Paulo Ramos já denunciou "a tal caixinha da Fetranspor" na Assembleia Legislativa. Em 1999, discursou: "Não há um servidor ou deputado que não tenha ouvido falar nisso. Não podemos dar as costas para esses murmúrios. Vamos apurar. Vamos ver os bens de cada um. Vamos ver como o patrimônio cresceu". E concluiu: "Há um grupo político que está sempre muito ligado às questões exclusivas da área de transporte".

A Coluna crê que, só com base nisso, seria exagero classificar como incoerente a forma como Ramos votou na sexta, mas que é curioso, é. Ao sustentar o voto pela soltura dos colegas na semana passada, Ramos justificou: "Quem quiser se submeter à ditadura do Judiciário não está preparado para defender as liberdades públicas. Para defender a democracia". A executiva nacional do Psol anunciou que o expulsará do partido.

Denúncia

As informações acima estão na denúncia de 232 páginas elaborada pelo Ministério Público Federal contra o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), e os deputados Paulo Melo (PMDB) e Edson Albertassi (PMDB). A referência do MPF a Paulo Ramos, assim como todo o documento, foi feita antes da votação que revogou a prisão preventiva do trio com o apoio de 39 deputados.

Salvação de Lavouras?

Já com as investigações em andamento, o empresário e ex-presidente do Conselho de Administração da Fetranspor José Carlos Lavouras apagou de seu celular os telefones do trio peemedebista e de Jorge Luiz, apontado como um dos operadores do esquema. Os números foram excluídos em setembro do ano passado de seu iPhone 7. O fato foi usado pelo MPF para reforçar o pedido de prisão de Lavouras, encarcerado há uma semana.

Preocupação

O MPF encontrou no celular de Lavouras uma série de pesquisas sobre o delator Álvaro Novis. Um dos 'googles' dados por Lavouras foi: "alvaro novis quem é seu advogado". Os procuradores regionais da República dizem que a pesquisa foi feita "poucos dias antes" da Operação Quinto do Ouro, que promoveu em março uma devassa no Tribunal de Contas do Estado.

Fora do plenário

Paulo Melo vai hoje à Alerj, mas não ao Plenário. Terá reuniões fechadas para decidir se, assim como Picciani e Albertassi, também entrará com pedido de licença não remunerada. A pressão de aliados é grande para que isso ocorra. "Não tem como o Paulo Melo continuar presidindo a Comissão de Orçamento da Casa enquanto essas suspeitas pairarem sobre ele", diz um dos deputados que votaram pela soltura do trio.

Depois do 'Nervosinho'...

Cadernos de anotação com pagamento de propina costumam trazer apelidos que dificultem o reconhecimento dos políticos. Funcionário de Novis, Edimar Moreira Dantas escolheu um não muito difícil para identificar o beneficiado: "Pé Grande". Sherlock Holmes ficaria desapontado.

Em alerta

Apesar da decisão judicial contrária à greve dos rodoviários, a prefeitura estará em alerta hoje. Recebeu relatos de que manifestantes querem bloquear ruas e até atear fogo a ônibus. Comandada por Paulo Cesar Amendola, a Secretaria de Ordem Pública e a Polícia Militar atuarão em conjunto.

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