Por karilayn.areias

Rio - No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, os jogadores do Power Soccer, futebol em cadeira de rodas motorizada, foram a sensação do encerramento da Feira Cidade PcD 2017 ontem. Nos três dias de evento, mais de 11 mil pessoas marcaram presença. A festa terminou em ritmo de Carnaval com o Bloco Senta Que Eu Empurro, conhecido na folia carioca pelos desfiles inclusivos.

O Power Soccer%2C que é praticado no país há seis anos%2C foi uma das atrações do último dia do eventoDivulgação

Lucas Neves, de 23 anos, é o capitão do time do Clube Novo Ser, o primeiro de Power Soccer da América Latina, tetra-campeão brasileiro. O paratleta, que também é capitão da Seleção Brasileira, afirma que o esporte mudou sua vida. "Pratico há seis anos, antes quase não me comunicava, tinha vergonha da minha voz", contou o capitão, que possui paralisia cerebral. O Power Soccer é indicado para pessoas com pouca mobilidade.

A modalidade existe há 30 anos, mas começou no Brasil há seis. Rosana Castro, 59, técnica do time e da Seleção, conta que o esporte foi transformador para os meninos que giram suas cadeiras em até 10km/h. "Eles saem de casa, criam uma rotina, fortalecem a confiança, se reinventam".

O bailado também invadiu a feira com o Projeto Carioca Sobre Rodas, da Escola Carioca de Dança. O ponto alto foi a dança de salão com a bailarina Natália Figueiredo, 31, e o aluno Eduardo Justo, 31, que tem paralisia cerebral. Ele dança desde os 12 anos e sonha em ser professor da modalidade. "O Edu tem uma entrega incrível", elogiou a professora. O evento contou ainda com show do comediante Jefferson Farias (que possui deficiência visual) e desfile com 60 modelos de moda inclusiva.

Anderson Lopes%2C medalhista paraolímpico%2C é diretor de projetos da Associação Niteroiense dos Deficientes FísicosSeverino Silva / Agência O Dia

A próxima edição da Feira Cidade PcD, que foi realizada no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, será de 30 de novembro a 2 de dezembro de 2018.

Inclusão 24 horas por dia

O paratleta e medalhista em lançamento de disco em duas paralimpíadas, Atlanta (1996) e Sidney (2000), Anderson Lopes foi responsável pela parte esportiva do evento. Hoje em dia, ele pendurou o disco e faz parte da direção e coordenação dos projetos da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef).

A unidade completou 35 anos, foi fundada pela médica neurologista Tânia Rodrigues, que também é coordenadora de Acessibilidade da Prefeitura de Niterói.

"O objetivo da Andef é mostrar que as Pessoas com Deficiência são capazes tendo oportunidades. Por isso, buscamos construir essas possibilidades para que nós possamos ter as mesmas chances de qualquer cidadão comum", explicou Lopes. "A nossa luta é por inclusão e acessibilidade 24 horas por dia", ressaltou. Ele conheceu a instituição em 1988, quando começou a praticar esportes. Quatro anos depois, com 17 anos, participou da primeira Paralimpíada, em Barcelona.

Visita pela troca de experiência

Apesar de ser direcionada às Pessoas com Deficiências, o evento atraiu todo tipo de público e até de fora da cidade. Moradores de Araruama, na Região dos Lagos, o casal Flaviane Melo e Marcus Vinícius percorreu mais de 120 quilômetros para ir ao evento com o filho Rubens, de dois anos, que participou de várias atividades.

"O princípio da inclusão é esse. A habilidade dessas pessoas é imensa, mas vivemos numa sociedade que não dá valor às potencialidades de cada um", observou Flaviane. "Nosso filho não tem deficiência, mas ele precisa estar inserido, todos nós precisamos", completou o marido.

Para Carina Melo, presidente do Instituto Superar, que trabalha com PcDs, a feira foi uma oportunidade para a troca de experiências. "Esse interesse chama atenção da mudança que estamos passando frente à inclusão. Estamos falando de 45,6 milhões de pessoas que consomem e possuem o direito de ir e vir. Uma minoria por puro desconhecimento", ressaltou Carina.

 

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