Por thiago.antunes
Rio - As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) passaram a ser subordinadas aos batalhões de Polícia Militar nas regiões em que estão localizadas. Foi o que determinou a lei n° 7.799, de autoria do deputado Dionísio Lins (PP), sancionada ontem, pelo governador Pezão.
Na prática, os comandantes dos batalhões poderão definir as áreas de atuação dos policiais das UPPs e remanejar o seu efetivo. A ideia é aumentar o contingente de policiais nos bairros.
No posto avançado da UPP Prazeres, PMs chegaram a ser rendidosDivulgação

A mudança é considerada por especialistas e policiais como uma radical transformação no processo de pacificação. "Isso certamente compromete muito a ideia de que as UPPs seriam um modelo que inspirariam o resto da PM", afirmou o sociólogo Ignácio Cano. "Muito embora tenha o objetivo de otimizar os recursos da PM em um momento de crise e de falta de contingente, pode alterar de forma decisiva aquilo que era a ideia original das UPPs", opinou o promotor do Grupo de Atuação Especial em Segurança Pública, Paulo Roberto Cunha. Um oficial da ativa, que pediu para não se identificar, disse que o ato mostra o fim do projeto e pode encorajar os criminosos. "Daqui a pouco eles (policiais de UPP) serão escurraçados das comunidades, tal qual a retirada do exército americano de Hanói", disse, se referindo à guerra do Vietnã.

Ainda há questões em aberto, como as remunerações extras e regime de trabalho. Um soldado em UPP recebe R$ 750 a mais. OS argentos e supervisores recebem R$ 1 mil. As folgas também podem diminuir, passando de 12 horas de trabalho para 48 de folga ou de 24 horas de trabalho para 48 horas de folga forma adotada nos batalhões. As mudanças começaram gradativamente em agosto, quando 3 mil policiais administrativos das UPPs foram transferidos.

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A contar do início das UPPs em 2008, esse é o sexto decreto que modifica o projeto, que conta com 9.543 policiais em 38 comunidades.