Por gabriela.mattos
Rio - A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira, 27 suspeitos de integrar um esquema criminoso no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. Além de tráfico internacional de drogas, a quadrilha também atua no contrabando e no desvio de bebidas de aeronave. Na operação, denominada de 'Rush', os agentes cumprem 36 mandados de prisão, 36 de busca e apreensão e um de condução coercitiva contra funcionários e terceirizados da Infraero e da Receita Federal.

Segundo a PF, as investigações, iniciadas há cerca de dez meses, apontam a participação de funcionários do próprio aeroporto e de companhias aéreas, com apoio de servidores públicos da área de fiscalização aduaneira. Entre os mandados de prisão, pelo menos 23 são de funcionários e dois contra servidores da Receita Federal.

Foram identificados três grupos, liderado por um ex-funcionário do Galeão, responsável por recrutar os demais membros do grupo criminoso. Ele era auxiliado pelo seu pai, que trabalhava no Aeroporto Internacional do Rio.

Polícia Federal realiza operação no Aeroporto Internacional Tom Jobim%2C o GaleãoReprodução TV Globo

De acordo com a PF, os funcionários escolhiam um passageiro de forma aleatória, imprimiam um tíquete com o nome dele e colocavam em uma mala com drogas. Depois, eles mandavam a bagagem para um voo internacional, que normalmente tinha como destino a Europa. Segundo as investigações, as bolsas não eram vistoriadas.

O segundo esquema atuava no desembarque de malas vindas do exterior, sem que elas  fossem submetidas à fiscalização prévia. Segundo os agentes, na maioria das vezes, a bagagem era retirada pelos operadores de esteira do desembarque internacional e posteriormente desviadas para a esteira do desembarque doméstico, no intuito de evitar a fiscalização alfandegária e o consequente pagamento do tributo devido. Quando o passageiro passava pelo canal de inspeção da Receita Federal, em geral portava apenas bagagens de mão.

Após a ação dos operadores, as malas eram retiradas por um funcionário da companhia aérea no interior do setor de desembarque doméstico e entregue ao passageiro no saguão do aeroporto ou até mesmo na calçada exterior do aeroporto.

Em outra frente de atuação, os funcionários do Galeão se encontravam com passageiros participantes do esquema ainda na porta da aeronave, e os acompanhavam até o canal aduaneiro, onde um servidor da Receita Federal liberava as malas que passavam pelo raio-x mesmo que identificasse mercadoria entrando de forma irregular sem recolhimento dos tributos e taxas legais. Oservidor foi flagrado durante as investigações recebendo propina para liberar mercadorias, de acordo com a Polícia Federal.

Já o último núcleo criminoso atuava retirando diariamente, garrafas de vinho, champanhe e garrafas em miniatura de bebidas das aeronaves em pouso. Funcionários da empresa de "catering" realizavam o furto, levando os vasilhames para áreas conhecidas como "pontos cegos", onde era feita a triagem.

Segundo a PF, o esquema se mostrou bem estruturado, contando também com auxílio de membros de empresas com trânsito livre na pista do Galeão, responsáveis por retirar a mercadoria furtada das dependências do aeroporto. Agentes de portaria e segurança também eram cooptados para fazer "vista grossa" na saída das bebidas, as quais eram, posteriormente, vendidas para receptadores predefinidos. Em setembro, a PF realizou a prisão de dois funcionários do aeroporto e de um receptador. Foram apreendidas cerca de 2.715 garrafas de bebidas, veículos e dinheiro.
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Os presos serão conduzidos à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Eles serão indiciados por organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, corrupção, facilitação ao contrabando e descaminho, descaminho, furto qualificado, além de associação criminosa. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema prisional.

Além do Galeão, os agentes atuam também no Recreio, na Barra da Tijuca, Campo Grande, Ramos, Ilha do Governador, Olaria, Bonsucesso, Saúde, Inhaúma, Praça Seca, Tomás Coelho, Magalhães Bastos, Vaz Lobo, Bangu e Jacarepaguá, e também nos municípios de Queimados, Belford Roxo, Angra dos Reis e em São Paulo.