Batata de Marechal Hermes  - Reprodução Internet
Batata de Marechal Hermes Reprodução Internet
Por Luana Benedito*

Rio - Famosa pela fartura e pelos acompanhamentos suculentos — entre eles, bacon, frango, calabresa e queijo cheddar em porções generosas —, a tradicional batata frita de Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, vai debutar na Zona Sul carioca nos dias 27 e 28 deste mês. Porém, a "estreia", que vai acontecer na Void, de Botafogo, tem causado polêmica na Web.

O evento "Void Chama: Batata Carioca de Marechal", criado nesta quinta-feira, recebeu diversos comentários em redes sociais criticando a iniciativa.

"Se vocês querem comer a batata de Marechal, é só ir em Marechal. Não podem sair da zona de vocês para nada, né?", reclamou uma internauta. "Era melhor ter feito uma caravana Zona Sul - Marechal", disse outro.

Para o escritor Vitor Almeida, autor do livro "Suburbano da Depressão" e administrador da página de mesmo nome no Facebook, há um "certo comodismo entre os moradores da Zona Sul".

"É uma folga. Nós, das zonas Norte e Oeste, além da Baixada Fluminense, sempre nos deslocamos para lá, mas o inverso não acontece."

"Mas, ao mesmo tempo, é legal que um ícone da nossa gastronomia do subúrbio mostre que aqui não é só é violência. Convido o pessoal da Zona Sul a conhecer o subúrbio", completa o escritor. 

Yasmin de Albuquerque, proprietária da badalada Batata Carioca Marechal, diz que está acompanhando a polêmica nas redes sociais.

"Muitos clientes já vieram falar com a gente (sobre a "estreia" na Zona Sul), mas a nossa ideia sempre foi levar a batata para outros locais e mostrar nosso trabalho para outras pessoas", declarou. 

A jovem, de 22 anos, que comanda o negócio com o pai e a mãe, diz que chegou a ouvir algumas críticas quando trocou a barraca pelo food truck.

"Nós não mudamos para gourmetizar, mas, sim, para melhorar nossa estrutura, além de não sofrer tanto prejuízo quando chovesse", diz. 

Yasmin revela que a maioria do seus clientes é de Marechal Hermes e arredores. "Cerca de 80% do nosso público são das zona Norte e Oeste. Os outros 20% são de pessoas do Centro, Zona Sul e Tijuca, que não é Zona Sul, mas é como se fosse."

No entanto, ela reforça que o objetivo em participar do evento é levar a cultura do subúrbio para o maior número de pessoas. "A gente está aqui para unir a galera e para quebrar barreiras", completou. 

Procurado pelo DIA, um representante que pudesse falar pela Void não havia sido encontrado até a publicação desta reportagem. Porém, em uma post nas redes sociais, a empresa disse que "observa e aprende a cada comentário". 

"Erramos na comunicação do evento: 'Finalmente vai fazer a sua estreia na Zona Sul' foi péssimo da nossa parte. Pedimos desculpas. Gostaríamos de explicar o nosso projeto: a Void Botafogo possui uma cozinha colaborativa, a House of Food. Todos os dias do ano convidamos um chef, cozinheiro, empreendedor ou qualquer pessoa que tenha interesse em apresentar um cardápio para o público. Ao longo de dois anos, trouxemos mais de 500 projetos de comida de diferentes zonas da cidade, outras cidades e outros países. Nessa perspectiva, buscamos o protagonismo dos chefs, o espaço é nosso, mas quem bota a cara e faz acontecer são eles. E é dentro desse projeto que convidamos a Batata Carioca para dois dias de ocupação da nossa cozinha", conclui o texto da empresa. 

* Estagiária sob a supervisão do jornalista Lula Pellegrini.

 

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