Flávio Bolsonaro  - Marcio Mercante
Flávio Bolsonaro Marcio Mercante
Por PAULO CAPPELLI

Rio - Filho do presidente eleito Jair Bolsonaro e futuro senador, Flávio Bolsonaro (PSL) traça os planos para a sua atuação em Brasília. Como fluminense, diz que sempre que houver interesse de investimentos internacionais no Brasil, vai batalhar para trazer os recursos para o Rio de Janeiro.

Flávio afirma que, mesmo que não venha a ser formalmente o líder do governo Bolsonaro no Senado, servirá como elo entre o Legislativo e seu pai. Ele defende mais repasses para prefeituras e governos estaduais e sustenta que Sérgio Moro será a garantia de que desvios não serão perdoados: "O ministro da Justiça vai deixar de combater a corrupção com uma vara de pesca e vai poder combater com uma rede, pescando bem mais corruptos."

O DIA: Prefeitos e governadores fazem uma mesma queixa: a União arrecada muito e repassa pouco aos municípios e aos estados. Isso vai mudar no governo de Jair Bolsonaro?

Flávio Bolsonaro: A questão da descentralização de recursos foi uma bandeira importante da campanha. Vamos começar um estudo técnico para ver se tem algum impedimento legal ou constitucional para, gradualmente, fazer com que o dinheiro chegue direto às prefeituras e aos estados sem intermediação da União e sem burocracia. O gestor que errar, que usar as verbas de forma indevida, vai pagar pesado por isso. O recado está muito claro.

E de que forma, na prática, esse recado foi dado?

O fato de a gente ter um ministro da Justiça como o Sérgio Moro. Estamos dando o recado de que não haverá nenhuma tolerância com a corrupção e com a lavagem de dinheiro. O Sérgio Moro agora vai deixar de combater a corrupção com uma vara de pesca e vai poder combater com uma rede, pescando bem mais corruptos. Ele vai contar com todos os meios e instrumentos que estiverem ao seu alcance para potencializar esse trabalho que ele fez e que orgulhou tanto o Brasil.

Como será a relação do seu pai com o Congresso?

Acho que vai ser a melhor de todos os presidentes. Porque ele conhece um por um ali. Ele sabe como funciona. Sabe qual é a necessidade daquele deputado. O capital político para deputados e senadores e o respeito às emendas parlamentares estão garantidos.

Flávio Bolsonaro - Marcio Mercante / Agência O Dia

E como será a relação dos Bolsonaro com a oposição?

Vai ser respeitosa. Você não me viu dando porrada em alguém, ameaçando alguém, cuspindo em alguém. No limite do que eles me respeitarem. Mas eu tenho consciência de que o PT, o Psol e o PCdoB vão fazer oposição por oposição. Vão o tempo inteiro querer botar fogo no circo. Não vão querer saber se é bom ou ruim para o povo brasileiro. Eles já estão pensando em 2022.

Como é a sua relação com a oposição na Assembleia Legislativa?

Já foi mais respeitosa. Passou a ser menos quando a minha família foi atacada por causa do jogo político. A bancada do Psol segurou placas dizendo 'O parlamento não merece um estuprador', um negócio assim. Até o Daciolo (Patriota) segurou.

O senhor pretende usar sua influência como senador e como filho do presidente da República para impedir que André Ceciliano, do PT, permaneça à frente da Assembleia Legislativa?

Com certeza. Nesse aspecto, sim. Se eu puder usar o meu poder veto para alguma coisa, será para impedir que um petista ou alguém da esquerda assuma a presidência da Alerj. A linha ideológica da esquerda, do nosso ponto de vista, vai contra os interesses da população e contra aquilo que a gente acredita que vai fazer a roda voltar a girar na geração de empregos. Eles têm uma bandeira xiita do meio ambiente.

Pode exemplificar?

O turismo, que é uma mola propulsora da nossa economia. Vende-se uma imagem equivocada de que, onde tem reserva ambiental, o ambiente é preservado. Não só a regra diz que o meio ambiente não é preservado, como há favelização e desmatamento. E não se consegue explorar aquela riqueza. Você olha Angra dos Reis hoje. Tudo demarcado como reserva ambiental. Você passa na beira da Rio-Santos e vê que Angra dos Reis virou uma favela.

O senhor diz que o PSL admite não ter a presidência da Alerj a partir do ano que vem, mas que não abre mão de presidir importantes comissões da Casa. Quais são elas?

A bancada é que vai fazer essa lista e entregá-la para quem eles acham que pode ser o presidente. Tem comissões importantissimas como a de Constituição e Justiça, a de Educação, a de Direitos Humanos, a de Orçamento, a de Segurança Pública. São comissões importantes e que têm o perfil dos deputados eleitos do PSL.

Senador eleito diz que corrupção não será tolerada - Marcio Mercante / Agência O Dia

O senhor e o seu pai defendem a 'Escola sem partido'. Vão tentar mudar a história contada hoje nas salas de aula sobre o regime militar?

Lógico. A história contada hoje é distorcida. Por que não se bota nos livros de História a cópia do Diário Oficial da União? Mostrando quais foram os deputados federais e senadores que votaram pela vacância do cargo do João Goulart? Por que não está nos livros de História quais foram os deputados que indiretamente elegeram Castelo Branco? Tem que contar a história. O que a gente lê hoje é uma indução de que tudo que é ligado a militar é abuso, tortura e autoritarismo. A própria população, nesta eleição, deu uma resposta de que não é isso. O povo quer lei e ordem. Os militares sempre foram guardiões da Constituição e da democracia no nosso entendimento.

O senhor fala muito em implementar uma 'retaguarda jurídica' para os policiais. Mas, não raro, agentes cometem erros em operação e matam inocentes. Esse incentivo ao disparo não pode ser prejudicial?

O policial não tem que responder, preso, a um processo. O policial hoje evita trabalhar por receio de ser preso. Só erra quem trabalha. E quem paga o preço? A população. Se o policial puder responder em liberdade, ele já trabalha com mais calma. Não é estimular a matança generalizada. É dar tranquilidade para o policial de que, se ele vir alguém armado ilegalmente, ele não tem que esperar o cara atirar nele para disparar o gatilho. Para que esperar um bandido com fuzil atirar?

O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), falou em contratar snipers para abater homens de fuzil. O senhor tem conversado com ele sobre o assunto?

Qualquer iniciativa que vise a combater a criminalidade, a gente tem que apoiar. Isso está na legislação. Não é possível que um juiz acredite que alguém portando um fuzil não esteja disposto a morrer. Foi assim que se resolveu a violência no Haiti. É reduzir a subjetividade, a interpretação. Deixar claro para todos que não compensa ter um fuzil.

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