Ronnie Lessa (E) perdeu a perna esquerda em atentado. Já Élcio Queiroz foi expulso da PM em 2015 - Divulgação
Ronnie Lessa (E) perdeu a perna esquerda em atentado. Já Élcio Queiroz foi expulso da PM em 2015Divulgação
Por O Dia

Rio - O Ministério Público disse na tarde desta terça-feira que não descarta nenhuma linha de investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O órgão informou que o sargento da PM reformado, Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos e preso na madrugada desta terça, "já esteve muito vinculado ao Rio das Pedras", local de atuação do grupo de extermínio miliciano conhecido como Escritório do Crime.

Embora não haja, até o momento, provas contundentes sobre o envolvimento de Lessa com a milícia, tampouco com o Escritório do Crime, a investigação já está revelando a participação do PM reformado em conjunto com grupos paramilitares que atuam em outros lugares. A coordenadora do Gaeco/MP-RJ, Simone Sibilo, lembrou na coletiva de imprensa desta terça, contudo, que Lessa já teve uma academia na região. "Apesar de não estar (no local) agora, ele tinha uma academia localizada no início do Rio das Pedras, o que mostra que outrora ele já esteve muito vinculado ao Rio das Pedras".  

"O Escritório do Crime continua sob investigação, mas sob forma sigilosa. Em um momento oportuno, iremos externar", afirmou a promotora Leticia Emile Petriz.

Motivo torpe e possível mandante

Segundo Simone, o MP entendeu que o assassinato da vereadora teve motivação torpe, decorrente de uma "reação" de Ronnie Lessa à atuação política de Marielle e sua defesa das minorias. A partir da quebra do sigilo de mensagens trocadas pelo atirador, o órgão concluiu que "todas as buscas e pesquisas feitas por Ronnie Lessa demonstram um perfil absolutamente reativo às pessoas que se dedicam às causas das minorias".

A motivação torpe, ainda segundo a promotora, não inviabiliza um possível mandante. "É uma motivação movida por coisa abjeta, algo desprezível, decorrente da questão política, mas isso não inviabiliza que exista um mandante. Essas causas podem ser concomitantes. Nós estamos numa primeira fase, é possível que o crime tenha tido um mandante, mas é possível também que não tenha tido. Nenhuma linha pode ser descartada".

As investigações prosseguem em sigilo, para que não haja nenhum vazamento de informações que possa favorecer os suspeitos.

Parceria no crime

Lessa é monitorado como suspeito do crime desde outubro do ano passado e seu nome já era conhecido em investigações de homicídios ligados à contravenção. Já o nome do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, também preso na madrugada desta terça, surgiu devido à sua proximidade com o PM reformado. Ambos trabalharam juntos no BOPE e passaram o Carnaval deste ano em Angra dos Reis, "andando de lancha em uma casa alugada de alto luxo", ainda segundo o MP.

Ambos foram presos por volta das 4h30, enquanto saíam de suas casas. As prisões seriam feitas na manhã desta quarta-feira, mas foram adiantadas por conta de um possível vazamento.

Sibilo afirmou ainda que, quando Ronie Lessa foi preso, "ele reconheceu informalmente que tinha sido avisado". Élcio foi preso portando munição, e Lessa estava com três aparelhos de celular, todos em modo avião, para dificultar o rastreamento. A promotora afirmou ainda que "havia um verdadeiro arsenal" na residência do PM reformado.

 

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