A rua Oiticica, em Nova Iguaçu, onde o meia Eric de Oliveira deu os primeiros passos, dribles e chutes, continua a mesma dos seus tempos de infância. Revelado pelos Jogos da Baixada, o atleta já passou pelas categorias de base do Flamengo. Mas construiu carreira no exterior, com passagens por clubes da Romênia, Ucrânia, Japão e Arábia Saudita.
Quem caminha pela rua Oiticica, precisa passar pelo meio do asfalto, já que as estreitas calçadas dividem espaço com os carros. Alguns deles, produzidos na década de 1980. Outros viraram apenas carcaça de ferro-velho. É comum ver entre as casas a sobra da areia usada para misturar com argamassa em alguma pequena reforma. A tinta das paredes descascadas pelo tempo ou aquele naco de grama crescendo nas fendas da calçada irregular ajudam a compor o cenário. E, quando escutam o barulho do motor do ônibus que passa por ali, os moradores olham rapidamente para os lados, à procura de alguma criança desavisada que precise ser alertada.
A casa onde Eric passou a infância com 15 parentes foi reformada e ainda serve de moradia para a sua família. A mãe e a irmã mais nova dele se mudaram para uma residência de dois pisos a poucos metros dali, comprada em 2016 pelo filho ilustre da rua Oiticica. Quando ele vem de férias, o imóvel fica lotado. Tem churrasco e feijoada quase todo dia.
Lá, não se vê meninos usando a amarelinha com o número 10 de Neymar às costas. Naquela rua, aparece gente com camisas de clubes romenos, levando o nome do menino que cresceu jogando bola de pés descalços ali.
É como se os moradores daquela rua irreversivelmente anônima fossem testemunhas do surgimento de um talento do futebol, que permanece anônimo no seu país de origem. Mas que se tornou uma celebridade no futebol do leste europeu, a mais de dez mil quilômetros dali. Foi na fria Romênia que o talento de Eric ecoou no estranho mundo do futebol. Lá, é apontado como um dos maiores estrangeiros que já pisaram nos gramados romenos.
