Brasil conquistou a Copa de 1994 - Reprodução da internet
Brasil conquistou a Copa de 1994Reprodução da internet
Por Herculano Barreto Filho

Em meio à comemoração do tri em 1970, um menino de 3 anos se perdeu da família em Petrópolis, na Serra do Rio. Religiosa, a mãe Moyseslita Marques Oliveira se ajoelhou no meio da rua, olhou para o céu e fez uma promessa: "Deus! Se você mostrar onde está o meu filho, garanto que ele vai jogar uma Copa". Em seguida, o garoto, que sumiu ao correr atrás de um balão, apareceu. A promessa improvável foi cumprida. Em 1994, Crizam César de Oliveira Filho foi um dos titulares do tetra. Nascido em Nova Iguaçu há 51 anos completados neste domingo, é o único ex-atleta da Baixada com status de campeão do mundo.

Desde pequeno, já tinha o apelido que o tornou famoso: Zinho. Aos 11, estava em um time de meninos de Nova Iguaçu que ganhou fama ao golear o Flamengo. Em seguida, começou a treinar na Gávea. A rotina era puxada. Ele acordava às 6h e pegava um ônibus em direção à Central do Brasil. Lá, tomava café, comia um pedaço de bolo e seguia para o treino em outro coletivo.

Na adolescência, se tornou uma das principais revelações da base do Flamengo. Franzino e veloz, driblava os adversários com facilidade e tinha um forte chute com a perna esquerda. Em 1983, fez a diferença na decisão do Carioca Juvenil, na vitória por 2 a 1 contra o Vasco, em São Januário, com um gol dele. Entre os adversários, havia outro destaque: um centroavante baixinho e marrento chamado Romário. Aos 19, Zinho subiu aos profissionais, onde ganhou massa muscular e disciplina tática. Para conquistar espaço num grupo formado por craques como Zico, Júnior, Bebeto e Renato Portaluppi, o ponta-esquerda driblador assumiu outra identidade. Passou a ser reconhecido como um atleta tático. E, assim, cavou o seu espaço na seleção brasileira, anos depois. "Quando rapaz, não teve juventude. Era um cara que não gostava de balada porque precisava treinar no outro dia. Ele conquistou quase 30 títulos. É pouco reconhecido por tudo que jogou e fez", argumenta o tio Adriano Cardoso, o Drico.

Em 1993, na histórica vitória por 2 a 0 contra os uruguaios no Maracanã, Zinho carimbou o passaporte para o Mundial. Ainda uniformizado, foi levado de lá direto para um hospital em Nova Iguaçu, onde a mãe estava em um CTI, com aneurisma cerebral. Lá, pôde falar as últimas palavras para dona Moyseslita, instantes antes da sua morte: "Mãe! Eu vou para a Copa!".

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