Rio - Nada de buscar empréstimos em agências bancárias com juros estratosféricos para seguir investindo. A nova estratégia no Brasil para reduzir custos e até mesmo o tempo de espera em decorrência de trâmites burocráticos é recorrer ao Fintech, sigla para Financial Technology, plataforma digital para obtenção de empréstimos. O aplicativo já está sendo chamado de "Uber do setor financeiro" e chegou ao país no ano passado. Hoje, cerca de cem empresas diferentes já operam por aqui.
A dica fez parte do painel apresentado a empresários pelo economista Luiz Gustavo Barbosa, coordenador da FGV Projetos, durante a quinta etapa do Mapa Estratégico do Comércio, semana passada, em Barra do Piraí. Idealizado pelo Sistema Fecomércio RJ, o evento irá passar por 15 municípios do estado neste ano.
1. O que é o Fintech?
— É o Financial Technology, uma plataforma digital. Startups que oferecem empréstimos através de aplicativos no celular, que surgiu há dois anos e já existe nos Estados Unidos e Europa. O setor bancário é a última fronteira de avanço dessas startups. É uma tendência mundial e está chegando ao Brasil. O Uber do setor financeiro. Porque elimina a necessidade de conseguir empréstimo com o banco, conectando quem está precisando com quem tem dinheiro e quer emprestar, conseguindo um lucro maior do que investimentos mais conservadores. Os bancos estão desesperados com isso.
2. Financiamento no sistema bancário é sólido.
— Mas é caro. A taxa de recurso emprestado por bancos é uma das maiores no mundo. O banco é estruturado para ter altas taxas de rentabilidade. Os lucros nos bancos no país são estratosféricos. Os bancos são velhos. O CNPJ 0001 é de um banco.As agências bancárias ainda são burocráticas para lidar com o cliente, que quer outro tipo de relacionamento. Um empréstimo no banco sai em 30 dias. No Fintech, é aprovado em três minutos, com depósito na conta em cinco. E é mais barato.
3. Como está a chegada do Fintech no país?
— Chegou há pouco mais de um ano. Hoje, há 100 fintechs funcionando no Brasil. Num primeiro momento, foi confundido com agiotagem. Mas não há legislação pra isso. Há uma onda de legislar essas tecnologias. Foi o caso do Uber. É preciso acompanhar esses movimentos no mundo. Não adianta ficar engessado.
4. Qual a mensagem para os comerciantes do Mapa sobre isso?
— Mudou a regra do jogo. É uma ruptura com o mercado atual. Se o empresário reduz custo, alavanca o negócio. É um buraco que o sistema formal oferece. O empresário se adapta ou fica fora do jogo.