Por tabata.uchoa
Segundo Firjan%2C Dutra recebe o dobro de veículos do que foi projetadaAlessandro Costa / Agência O Dia (19.5.2009)

Rio - Reivindicações do setor industrial para melhorar o fluxo de caminhões na Rodovia Presidente Dutra, que também reduziriam o tempo perdido pelos moradores da Baixada Fluminense no trânsito, estão nos estudos sobre a concessão da rodovia.

A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) propôs ao governo federal que inclua no contrato da concessionária CCR NovaDutra a exigência de execução de obras de ampliação da Via Light (que pertence ao estado), construção de faixas marginais na Dutra e de pista de descida na Serra das Araras, em Piraí. 

Para recompensar os investimentos da CCR sem impactar a tarifa de pedágio, a ideia é que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) prorrogue a concessão, que terminaria em 2021. As sugestões foram encaminhadas com base em estudos da Firjan. A pesquisa indica os ganhos logísticos e de mobilidade das obras da Via Light, e propõe a construção de trechos complementares entre a Pavuna e a Avenida Brasil e da Avenida Brasil ao Parque de Madureira, entre Nova Iguaçu e a Dutra (na altura do Distrito Industrial de Queimados), além de uma ligação com a Linha Vermelha a partir da Pavuna. Hoje, a Via Light liga Nova Iguaçu à Pavuna.

De acordo com Riley Rodrigues, especialista em Ambiente de Negócios e Infraestrutura do Sistema Firjan, a Via Light foi projetada com capacidade para 55 mil veículos por dia, mas recebe apenas 13 mil. Segundo ele, esses investimentos provocariam uma absorção de até 40% do volume diário da Dutra, sem causar congestionamentos na Via Light. Já a Rio-São Paulo recebe 150 mil veículos diariamente no trecho entre a Baixada e o Rio, quase o dobro de sua capacidade projetada (80 mil).

“A Via Light poderia receber até 75 mil veículos por dia, quase seis vezes o volume atual. A Dutra voltaria a cumprir seu papel de ser uma rodovia de carga e a Via Light assumiria sua função de via urbana. Elas se complementariam e acabariam aqueles engarrafamentos enormes entre a Baixada e o Rio”, diz Riley Rodrigues.

Segundo a Firjan, o tempo médio de deslocamento entre Queimados, na Baixada, e a Avenida Brasil, pela Dutra, é de 1h30 nos horários de pico e poderia cair para 40 minutos após as obras.

ANTT analisa propostas

Após vistoria na Dutra, para identificar os principais gargalos que poderiam ser considerados na revisão da concessão, a ANTT apontou como prioridade a implantação de nova pista de descida na Serra das Araras, que custaria R$ 1,7 bilhão. As condições da pista na região, sinuosas e com traçado antigo, impedem que os caminhões ultrapassem velocidade média de 40 km/h. Com as obras, Riley estima, além da redução de um terço dos acidentes, que a velocidade média subiria a 80 km/h, tornando o preço do frete 39% mais barato.

A Firjan recomendou ainda a conclusão de pistas marginais na Baixada e uma terceira faixa no Sul Fluminense, em Volta Redonda, Barra Mansa, Resende e Itatiaia. O objetivo é melhorar o fluxo para veículos de carga, passeio e transporte público. A ANTT disse que as propostas estão em análise e que as respostas serão divulgadas em breve.

Trânsito na rodovia custa R$ 1 bi ao ano

Cálculos da Firjan indicam que o custo anual dos congestionamentos na Dutra, só no trecho da Baixada, ultrapassa R$ 1,1 bilhão. O custo representa o aumento no valor das mercadorias transportadas e a perda de produtividade da população, que perde tempo nos engarrafamentos.

A federação considera ainda o alto índice de acidentes por causa da sobrecarga da rodovia.“O momento de crise é propício para se discutir essa medida, porque melhoraria a vida da sociedade sem demandar recursos públicos”, ressalta Riley Rodrigues. Os custos das obras não foram orçados pela Firjan.

O Departamento de Estradas de Rodagem do estado (DER) não quis opinar sobre a possível concessão da Via Light por desconhecer a proposta.

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