Por tiago.frederico

Rio - Aos 77 anos, o aposentado de Belo Horizonte Virgílio Gasparini chegou ao Rio na quarta-feira e fez questão de logo conhecer a região onde os bondes modernos, a partir de amanhã, abrirão as portas para os passageiros. Apoiando-se em uma bengala, sorrindo e com os olhos brilhando, o turista esbanjou seu encantamento: “Está muito bonito! A gente se orgulha de ser brasileiro”, elogiou.

Depois de ser adiada duas vezes pela prefeitura, a primeira fase do VLT (anunciada para abril e depois para 22 de maio), será finalmente inaugurada às 9h30 de amanhã, com a presença do prefeito Eduardo Paes. O funcionamento terá trecho e horários reduzidos inicialmente. Não será cobrada tarifa neste primeiro momento.

Trajeto do VLTArte O Dia

O novo Passeio Público da Avenida Rio Branco, entre a Av. Nilo Peçanha e a Rua Santa Luzia, será entregue ao mesmo tempo aos cariocas. Exclusivo para pedestres, ciclistas e o VLT, o espaço de 14,4 mil metros quadrados ganhou 35 árvores, 1.620 m² em canteiros verdes, bicicletários, 70 bancos e nova iluminação.

Para o primeiro dia de funcionamento, toda a extensão da Rio Branco será fechada aos carros de 8h às 18h, se transformando em uma grande área de lazer para os cariocas. Linhas de ônibus que circulam na via serão desviadas para a Avenida Passos. A circulação do VLT, amanhã, será das 9h30 às 15h.

No início, o novo transporte levará passageiros de segunda a sexta-feira, de meio-dia às 15h, entre oito paradas nos dois sentidos: Parada dos Museus (na Praça Mauá), São Bento, Candelária, Sete de Setembro, Carioca, Cinelândia, Antônio Carlos e Santos Dumont. Os intervalos entre os trens serão de 30 minutos. A cobrança da tarifa, que será de R$ 3,80, só começará em 1º de julho, quando os passageiros deverão começar a validar espontaneamente seus cartões de passagem em leitores eletrônicos no interior dos veículos.

Na quinta%2C operários ainda corriam para terminar a Parada dos Museus%2C na Praça Mauá%2C de onde partirão os bondes nas primeiras viagensAlexandre Brum / Agência O Dia

O esquema de funcionamento entre a rodoviária e o aeroporto será ampliado gradativamente, em oito ciclos, até o início de agosto, às vésperas dos Jogos Olímpicos. A primeira etapa completa tem 18 quilômetros em trilhos, 17 paradas (sem roletas e estrutura fechada) e uma estação, na rodoviária. Nas primeiras semanas, serão três veículos circulando. A frota chegará a oito VLTs em agosto, com serviço das 6h à meia-noite, incluindo fins de semana, e intervalos de 15 minutos.

Segundo a prefeitura, o avanço da operação em ciclos tem o objetivo de fazer com que a população se acostume à movimentação dos bondes. O município informa que a prioridade é garantir segurança plena aos futuros passageiros e melhor convívio entre pedestres, veículos e o VLT.

MP tentou suspender inauguração

O Ministério Público tentou convencer a Justiça de suspender a inauguração do VLT. O órgão afirmava que o transporte não oferece segurança aos passageiros e pedestres, alegando deficiência nas sinalizações. A juíza Cristiana Aparecida de Souza, da 2ª Vara de Fazenda Pública, rejeitou o pedido de liminar na última quinta-feira. A sentença afirma que foi esclarecido em audiência que a sinalização já está implantada e o funcionamento da semaforização automática, que prioriza o VLT, foi “exaustivamente” testada pela CET-RIO.

Trecho da Rio Branco será exclusivo para pedestres%2C ciclistas e o VLTSandro Vox / Agência O Dia

“As pessoas precisam ter educação. Durante as obras, vi algumas que invadiram áreas interditadas”, opina Renan Gavioli, advogado de 32 anos, que caminhava pelo Centro. A partir de hoje, 28 linhas de ônibus intermunicipais terão trajetos alterados no Centro.

Obra termina só em 2017

Quando o circuito total de 28 quilômetros estiver inaugurado, com capacidade para 300 mil passageiros por dia, o VLT vai integrar todos os meios de transporte do Centro e da Região Portuária — barcas, metrô, trem, ônibus, rodoviária, aeroporto, teleférico, terminal de cruzeiros marítimos e, futuramente, o BRT Transbrasil.

“O VLT resgata a mobilidade que o antigo bonde permitia no Centro. É um veículo de média capacidade, não poluente, integrado ao meio ambiente e com tecnologia avançada. Vai promover a mobilidade principalmente para quem anda a pé”, avalia o engenheiro de Transportes Alexandre Rojas, da Uerj.

O especialista ressalta que a inauguração em ciclos não é um modelo comum no mundo, mas necessário no Rio. “O pedestre brasileiro é muito indisciplinado e o risco de ser atropelado é grande.”
Segundo a prefeitura, a ligação entre a Central do Brasil e a Praça 15 entra em operação no segundo semestre deste ano. A partir de 2017, será a vez do trecho que funcionará na Avenida Marechal Floriano.

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