Por tabata.uchoa

Rio - O próximo prefeito terá desafios para melhorar a mobilidade, problema crônico no Rio. Um dos principais é a conclusão das obras do BRT Transbrasil, paradas desde o fim de julho — o novo corredor ligará Deodoro ao Centro pela Avenida Brasil. Outra cobrança de especialistas para a gestão 2017-2020 é estreitar a relação com o governo estadual, que atravessa uma grave crise financeira, e ajudá-lo a conceber antigos projetos de expansão do metrô.

Placa vista sexta-feira na Avenida Brasil diz que obras continuariam em setembro%2C mas operários não voltaramLuiz Ackermann / Agência O Dia


“Já gastaram milhões no Transbrasil e falta muito a fazer. O povo que está sofrendo a redução de faixas na via merece respeito”, diz o engenheiro de Transportes Alexandre Rojas, da Uerj. Segundo ele, a conclusão é fundamental, principalmente para quem mora ou trabalha na Baixada e também para usuários da Avenida Brasil.

José Eugênio Leal, do Departamento de Engenharia Industrial da PUC-Rio, também julga necessária a finalização do corredor. “Mas deve ser elaborado um plano de integração física e tarifária com a SuperVia e outros meios de transporte”, avalia.

Em seu plano de governo, o candidato Marcelo Crivella (PRB) promete inaugurar o BRT até o final de 2017, além de elaborar estudo para estender o Transcarioca ao centro da Ilha do Governador até 2020. Marcelo Freixo (Psol) não menciona obras de BRTs em seu programa, mas já disse em entrevistas que pretende concluir o Transbrasil.

Mestre em Engenharia de Transportes da UFRJ, Eva Vider sentiu falta de propostas de parceria com o estado para implantar a real Linha 4 do metrô. O projeto, dos anos 1990, previa ligação do Largo da Carioca ao Jardim Oceânico, passando por Laranjeiras, Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico, Gávea e São Conrado. No entanto, só foi executado entre Ipanema e Jardim Oceânico. Para José Eugênio Leal — que também considera a obra prioritária, bem como a extensão Estácio-Praça 15 —, o metrô não pode ser tratado como sendo de total responsabilidade do estado.

O programa de Freixo fala em viabilizar recursos para expansões de metrô, sem citar a Linha 4. Crivella promete aportar recursos para que a estação Gávea, da Linha 4, adiada no percurso da obra, seja inaugurada até 2017.

Consórcio aguarda acerto do contrato

A Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj) denunciou ao Tribunal de Contas do Município (TCM), em maio, que a prefeitura não pagou ao consórcio construtor do Transbrasil (Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS) o reajuste anual do contrato em 2015. Suspensa no fim de julho para evitar transtornos ao trânsito durante a Rio 2016, a obra deveria ter sido retomada após a Paralimpíada, em setembro, o que não ocorreu.

Segundo a Aeerj, o TCM julgou, em 4 de outubro, que a improbidade, caso não sanada, demonstrará infração às boas normas de responsabilidade na gestão fiscal, dando à prefeitura prazo de 30 dias para defesa. O Consórcio TransBrasil afirma que está empenhado em retomar as obras o mais breve possível, mas que, para isso, aguarda a regularização do contrato. Fonte ligada às empreiteiras disse que os trabalhos executados em julho e no fim de junho não foram quitados.

A Secretaria Municipal de Obras nega que haja dívida e afirma que pode aplicar medidas previstas caso o serviço não seja retomado. Segundo a pasta, 50% das obras estão prontas e a prefeitura pagou ao consórcio metade do total do contrato, de R$ 1,4 bilhão. A previsão de término é 2017.

10 PROPOSTAS

CRIVELLA

Inaugurar o BRT Transbrasil até 2017 e elaborar estudo para levar o Transcarioca ao centro da Ilha do Governador até 2020.

Exigir aumento de 20% da frota do BRT até 2018.

Interromper a racionalização das linhas de ônibus e dialogar com a população em 2017 para revisá-lo.

Ampliar para 3 horas o prazo de utilização do Bilhete Único Carioca (hoje é de 2h30) e estender seu uso para o metrô até 2018.

Fazer licitação para recuperar vans na Zona Oeste, integrando-as com ônibus, BRT, metrô e trem.

FREIXO

Implantar linhas de tarifa zero, começando pelas regiões mais pobres.

Criar empresa pública para gerir e fiscalizar a operação dos transportes.

Estabelecer metas para, em parceria com o estado, viabilizar recursos para a finalização da Linha 2 do metrô até a Praça 15 e para a ligação Gávea-Uruguai.

Em parceria com o estado, revisar a bilhetagem eletrônica, garantindo o uso de um mesmo cartão para todos os modais.

Auditar contratos e procedimentos operacionais de concessionárias e prestadoras de bens e serviços.

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