Rio - Um protesto contra a privatização da Cedae reuniu pelo menos 10 mil pessoas, entre funcionários da empresa e populares, na tarde desta terça-feira, no Centro do Rio. A concentração aconteceu na Igreja da Candelária por volta de 13h. A passeata caminhou em direção ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por volta de 15h30, o ato seguiu em direção ao seu destino. Após chegar ao BNDES, a manifestação permaneceu parada e se dispersou por volta das 18h.
Paulo Cesar, de 62 anos, membro conselho fiscal do sindicato dos engenheiros falou com a reportagem de O DIA sobre a manifestação. Segundo ele, o ato é uma reação natural ao que o Governo do Estado tenta fazer. Ele lembrou que não é a primeira vez que governadores sugerem privatizar a empresa.
" É uma reação natural ao que se repete pela terceira vez. Primeiro no mandato de Marcello Alencar, depois no governo Rosinha Garotinho e agora com Pezão e Dornelles. Os atuais administradores do Estado estão vindo com uma situação totalmente diferente das anteriores. No passado, nossa empresa foi totalmente sucateada e estava absolutamente sem condições de trabalho. Agora, nós não acreditamos que um monopólio natural, como a água, possa ser colocado sobre a ótica do lucro. No momento da privatização, não interessa pro privado fazer filantropia. Quem vai pagar a conta são os mais carentes", disse Paulo Cesar.
O protesto é contra uma possível mudanças nos serviços de água e esgoto do Rio, que vem sendo discutida pelos governos do Estado e Federal. O ato conta com os sindicatos que atuam na empresa (STIPDAENIT, SINTSAMA, STAECNON, SENGE-RJ e SINAERJ).
Governos estudam privatização
A iniciativa do ato se deu após o governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, enviar no dia 19 de agosto um ofício pedindo a inclusão da empresa no Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do Governo Federal, instituído pela Medida Provisória 727, feita pelo presidente da república, Michel Temer, no dia 12 de maio de 2016.
Com a medida, o estado do Rio seria dividido em quatro áreas de concessão dos serviços de água e esgoto via parcerias público-privadas (PPPs), mantendo a Cedae para produção e entrega de água para as concessionárias privadas comercializarem. Os sindicatos argumentam que as PPPs não irão resolver os problemas de saneamento do Estado e alegam que a medida vai encarecer as tarifas.