Infografias mostram dados sobre o câncer de próstata no país - Arte: Kiko
Infografias mostram dados sobre o câncer de próstata no paísArte: Kiko
Por Marina Cardoso e Renan Schuindt

Rio - Em 2016, Joatan Vilela, de 68 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de próstata. Após passar por uma cirurgia que contou com auxílio de robôs, o aposentado decidiu lutar contra o tempo e ajudar outras pessoas a se conscientizar sobre os riscos da doença. Uma missão que parece difícil diante dos dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que apontam sete novos diagnósticos por hora no país. A estimativa é que cerca de 68 mil casos sejam confirmados neste ano.

O cuidado com a saúde masculina, sobretudo no Novembro Azul, mês de alerta à conscientização, prevenção e diagnóstico do câncer de próstata, merece atenção redobrada. A doença permanece como a neoplasia (acúmulo de massa) mais comum e a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino. Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes ainda morrem devido à doença.

Infografias mostram dados sobre o câncer de próstata no país - Arte: Kiko

"Não é mais o preconceito com o exame da próstata que afasta o homem do consultório, mas sim o medo de ser diagnosticado com a doença. Em casos de doença de baixa agressividade, existem tratamentos onde não há necessidade de procedimento cirúrgico. Basta acompanhar a evolução com exames periódicos", explica Sebastião Westphal, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

EXPERIÊNCIA DE VIDA

Citado no começo da reportagem, Joatan é um sobrevivente e não precisou passar pela quimioterapia. Depois da descoberta do câncer de próstata, o aposentado resolveu contar a sua batalha contra a doença. Neste ano, ele participa do Novembro Azul, levando informação ao público masculino. "Me tornei voluntário. E, com isso, conto a minha experiência com o câncer. As pessoas me procuram pelas redes sociais para compartilhar histórias e pedir conselhos", diz o aposentado, que viu o irmão e o avô materno serem diagnosticados com a mesma doença.

Para conscientizar a população sobre os riscos, a Sociedade Brasileira de Urologia vai promover palestras e ações de esclarecimento nas ruas e live nas redes sociais.

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A falta de conscientização da população masculina sobre a necessidade de realizar exames preventivos no combate ao câncer de próstata ainda é um grande desafio. De acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Urologia, 21% dos homens acreditam que o exame de toque retal 'não é coisa de homem'. O número ainda aumenta para 38% quando mostra que pessoas com mais de 60 anos (grupo de risco) dizem não achar o procedimento relevante.

Para especialistas, os dados mostram uma realidade preocupante. Homens colocam o preconceito e o machismo como principais entraves para o diagnóstico precoce e combate ao câncer de próstata. "Se o tumor for descoberto no estágio inicial, há tratamento e elevadas chances de cura. Caso ele se espalhe pelo corpo, essas chances desaparecem", orienta Carlos de Andrade, diretor da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico.

De acordo com a SBU, é recomendado que homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado para fazer a avaliação. No entanto, negros e pessoas com parentes de primeiro grau que tenham histórico da doença devem começar aos 45 anos. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos. "Para detectar um diagnóstico precoce, eles devem fazer o exame clínico (toque retal) e o teste de antígeno prostático específico (PSA) anualmente", afirma Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) .

SINTOMAS

Identificar os principais sintomas e conhecer formas de prevenção pode fazer toda a diferença na diminuição do número de novos casos. Entre os principais sintomas, estão o aparecimento de sangue na urina, sensação de bexiga cheia e dificuldade de urinar.

OUTRAS DOENÇAS

Do tamanho de uma castanha e localizada abaixo da bexiga, a principal função da próstata é produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Ao longo da vida, a glândula pode desenvolver três doenças: a prostatite, inflamação que atinge 30% dos homens, a hiperplasia prostática benigna, que provoca aumento da frequência urinária, e o câncer.

Curado da doença, Joatan Vilela leva informação aos amigos e familiares - Luciano Belford/Agencia O DIa

TERAPIAS E EXAMES

O câncer de próstata é considerada uma doença típica da terceira idade. Recentemente, novas possibilidades para o tratamento, como terapias e exames, podem proporcionar um tempo maior de vida. Um deles é o Índice de Saúde da Próstata (PHI), um tipo de exame mais preciso que o PSA, que dá a médicos e pacientes uma informação essencial: o grau de agressividade do tumor.

Segundo o especialista Adagmar Andriolo, patologista clínico da Unifesp, até o momento, a análise da agressividade do tumor era feita apenas por meio da biópsia prostática, um exame invasivo e que pode provocar infecções, sangramento na urina e no sêmen.

Já para aqueles em que o câncer voltou a progredir, mesmo após o tratamento de bloqueio hormonal, a Anvisa aprovou um novo medicamento, a Apalutamida. O objetivo da droga é retardar o aparecimento de metástase nos pacientes, parte mais temida da doença, além de adiar os efeitos secundários desse processo.

O câncer de próstata é considerada uma doença típica da terceira idade. Recentemente, novas possibilidades para o tratamento, como terapias e exames, podem proporcionar um tempo maior de vida. Um deles é o Índice de Saúde da Próstata (PHI), um tipo de exame mais preciso que o PSA, que dá a médicos e pacientes uma informação essencial: o grau de agressividade do tumor.

NOVAS ESPERANÇAS

Segundo o especialista Adagmar Andriolo, patologista clínico da Unifesp, até o momento, a análise da agressividade do tumor era feita apenas por meio da biópsia prostática, um exame invasivo e que pode provocar infecções, sangramento na urina e no sêmen.

Já para aqueles em que o câncer voltou a progredir, mesmo após o tratamento de bloqueio hormonal, a Anvisa aprovou um novo medicamento, a Apalutamida. O objetivo da droga é retardar o aparecimento de metástase nos pacientes, parte mais temida da doença, além de adiar os efeitos secundários desse processo.

 

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