A aposentada Maria Dóra Godinho Alves começou a jogar videogame aos 76 anos, incentivada pelo filho, Rafael Alves, 46. Ajuda no tratamento de demência e Alzheimer. Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A aposentada Maria Dóra Godinho Alves começou a jogar videogame aos 76 anos, incentivada pelo filho, Rafael Alves, 46. Ajuda no tratamento de demência e Alzheimer. Arquivo PessoalArquivo Pessoal
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Videogame é um santo remédio para a mente de idosos. Estudos recentes desenvolvidos no Canadá e Estados Unidos comprovaram que jogos eletrônicos são capazes de melhorar a saúde mental e até física de pessoas com idade acima dos 65 anos. Segundo pesquisas, esse tipo de recurso é indicado para portadores de Acidente Vascular Encefálico (AVE), Alzheimer e Parkinson.

Especialistas destacam que indivíduos saudáveis nessa faixa etária, que brincam virtualmente, possuem até 29% menos chances de desenvolver demência, mantendo suas capacidades cognitivas e motoras por mais tempo.

"A tecnologia traz avanços para a saúde mental e é capaz de aumentar a longevidade, bem-estar e autoestima. Só o manuseio do controle de um videogame já aumenta a confiança de quem o opera, além de dar força e equilíbrio aos pulsos", disse a geriatra da Rede de Hospitais São Camilo, Aline Thomaz. Funções como concentração, agilidade ao mudar tarefas mentais e velocidade em que uma nova informação é processada, são alguns efeitos benéficos.

Os jogos virtuais podem retardar perda de memória, reduzir ou até evitar a demência. Isso porque a realidade virtual funciona como instrumento de modulação cognitiva, por meio de alterações bioquímicas e na estrutura do cérebro. Entre as áreas estimuladas, está a temporal, que relaciona a memória à aprendizagem, e que também aumenta o fluxo sanguíneo dos lobos frontais e pré-frontais, ligados à tomada de decisões; o controle motor e a atenção.

"O esporte simulado propicia reconhecimento social. Quanto aos saudáveis, ajuda no controle do andar (velocidade e habilidade) e declínio cognitivo", observou Aline, citando alguns jogos que trazem benefícios: Genius, Pong, Memória, Moeda, Nintendo Wii, Brain Age, Mindfit e Brain Fitness Program. "Mas nunca se deve esquecer de outros exercícios físicos, acompanhados por médicos, alimentação saudável e redução de estresse", advertiu a geriatra.

Rafael Alves, de 47 anos, cuida dos pais Maria Dóra, 77, (com sinais de demência por conta do Alzheimer) e José, 81. Além de ouvir músicas antigas, jogar cartas e dominó com eles, passou a incluir jogos interativos na rotina familiar. "Estão começando a se interessar. É incrível. O raciocínio deles se mostra mais ágil após bons minutos de distração na tela", atestou Rafael. "Desestressa", comentou Dóra.

No site www.metodosupera.com.br, da primeira empresa brasileira dedicada exclusivamente a assuntos do cérebro e saúde mental, a neurologista Ana Luísa Rosas, diretora Científica da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), garante que a ginástica cerebral encontra nos videogames e alguns aplicativos, campos ideais para o desenvolvimento e recuperação da mente, especialmente de idosos.

"Interagir com mídias ajuda a postergar sintomas de várias doenças, como o Alzheimer. Mas é importante distinguir o objetivo de cada jogo e o caminho para desenvolver cada função do cérebro", recomendou Luísa, ressaltando que é preciso que o idoso sinta prazer na atividade, sem forçá-lo.

A procura pela ginástica cerebral tem aumentado. A empresa Ginástica do Cérebro, de treinamento cognitivo e desenvolvimento cerebral, teve sua rede expandida em 50% em 2017, em relação ao ano anterior.

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