vale este - LUIZA ERTHAL
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Por *Estagiária Luana Dandara

Rio - O nome pode soar até estranho, mas a cirurgia de redução de bochechas, a bichectomia, está cada vez mais em alta. O procedimento consiste na remoção parcial ou completa da bola de Bichat, um concentrado de gordura entre a mandíbula e a maçã do rosto. A operação é irreversível e indicada para quem morde as bochechas ou para quem busca a estética de um rosto mais fino. O alvoroço em torno dos resultados prometidos, no entanto, não pode sobrepor os riscos da cirurgia, que vão desde infecção, lesão nervosa, sangramento e hematomas, até lesão no ducto da glândula parótida, o canal que produz saliva.

A bichectomia é realizada tanto por cirurgiões plásticos como por odontologistas. A dentista Adriana Pastor faz o procedimento há três anos em sua clínica no Rio e reforça que é essencial a avaliação da estética facial do paciente. "A cirurgia, apesar de ser simples e rápida, não pode ser feita em todas as pessoas, pois pode causar um afinamento excessivo e até antecipar o envelhecimento do rosto. Isso porque, com o passar dos anos, perdemos um pouco de tecido gorduroso na face. Então, se o procedimento for realizado indiscriminadamente, o paciente poderá acelerar essa flacidez", afirma ela.

Membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o cirurgião José Carlos Pereira Pinto explica que a bichectomia é recomendada apenas para quem possui a hipertrofia da bola de Bichat. "O paciente tem que ser analisado como um todo, a operação não pode ser feita só por modismo, buscando ficar com a região malar mais marcada. Até porque, nem sempre, a cirurgia alcança o objetivo de afinar o rosto", ressalta ele. "Futuramente, quem não possui indicação vai precisar realizar preenchimento no rosto", acrescenta.

A operação é executada em uma média de 40 minutos por meio de uma incisão de 1 a 3 cm na parte interna da boca, não deixando cicatriz aparente, e com uso de anestesia geral ou local. O pós-operatório também costuma ser rápido, de três semanas. A localização das bolsas de gordura, próxima a vasos sanguíneos e terminações nervosas, no entanto, traz os riscos da bichectomia, que pode lesar tais estruturas importantes da face, responsáveis por movimentos e expressões. Por isso, o procedimento precisa ser feito por um profissional experiente e com conhecimento da anatomia da região. "Não é uma cirurgia livre de qualquer problema, e pode causar até a paralisia do lábio", explica o especialista José Carlos.

De acordo com o último levantamento da SBCP, de 2016, 7.362 pessoas fizeram bichectomia naquele ano, o que representa 0,5% do total de cirurgias estéticas realizadas. Entre 2014 e 2016, o aumento foi de 14,25% no número de intervenções desse tipo. "As bolas de Bichat dão estabilidade na mordida, elas têm uma função. Logo, a precaução é extremamente necessária antes de passar pelo procedimento", finaliza o cirurgião plástico.

*Sob supervisão de Joana Costa

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