Por paulo.gomes

Rio - Ser empreendedor é a principal característica de quem quer deixar de ser empregado e abrir seu próprio negócio, certo? Nem sempre. A busca pelo crescimento profissional dentro da empresa e a vontade de ter seu trabalho valorizado vem despertando em muitos funcionários o lado desenvolvedor. É o que aponta estudo do Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos (IDCE), uma escola de negócios com 50 executivos de Recursos Humanos, na qual mostra que as organizações estão buscando um novo perfil de funcionário e incentivam internamente os profissionais a empreender.

Ana Cláudia diz que sua pró-atividade a fez crescer na empresa. “Sempre ajudava em vários setores”%2C contaDivulgação

O estudo aponta que apenas 12% das empresas entrevistadas estão preocupadas somente com a formação tradicional, se o empregado cursou ou não uma universidade renomada. As demais buscam avaliar também a personalidade, a versatilidade e a capacidade de entrega das pessoas. Fabricio Barbirato, diretor-executivo do IDCE, destaca que o empreendedorismo dentro da empresa ganha espaço como forma de inovação.

“A busca é por quem faça a diferença”, diz Barbirato. Pró-atividade, comprometimento, visão para ir além de suas obrigações e criatividade fazem parte desse “check list”.

“Há uma escassez de mão de obra qualificada e os talentos estão sendo disputados. Por isso, um funcionário com este perfil tende a ser valorizado. Há uma frase no meio que diz: quero gente com atitude, o resto eu treino”, afirma o diretor do IDCE, destacando ainda que um profissional arrojado precisa ter sinal verde. “Um entrave encontrado é a falta de liberdade para iniciar projetos”.

Não ter medo de assumir riscos e gostar de pessoas

Fátima Mangueira, diretora de Recursos Humanos da consultoria Mira RH, elenca outras qualidades que este funcionário normalmente deve ter: não ter medo de assumir riscos, saber trabalhar em equipe, ter senso de organização e de justiça, liderança e saber lidar com conflitos.

“Os profissionais com potencial empreendedor são mais entusiasmados e com forte competência para ousar. Este é o diferencial que pode contribuir para o sucesso e crescimento dele. A empresa, por sua vez, vai colher inovações e melhorias continuas, estimulando e promovendo este tipo colaboração sadia”, destaca a diretora de RH.

Marisa Marinho, diretora executiva da Multiplicarh Consultoria de Recursos Humanos, diz que é fundamental gostar de se relacionar com pessoas. “Tem que gostar de gente. É fator decisivo”, revela. A especialista diz ainda que as sugestões devem ser bem formuladas.

“Não adianta ter uma ideia maravilhosa se não está bem descrita e pensada”, explica.

Maurício Seixo aconselha a ter determinação%2C persistência e focoDivulgação

Não confundir liderança com arrogância

Maurício Seixo, de 52 anos, é psicólogo com pós-graduações em recursos humanos e consultor de RH. Com 26 anos de experiência na área, ele lembra que começou como analista júnior em um grande banco e em cinco anos já era gerente de RH.

“Fui o executivo responsável pelo RH em várias empresas nos últimos 12 anos. Sempre me considerei como dono do negócio em que trabalhava. Sempre busquei encontrar novas soluções para os problemas, me colocando no lugar do cliente e do acionista”, conta.

Seixo lista os cuidados que o funcionário empreendedor deve ter para não cometer erros. “Não pode ser arrogante, dono da verdade, individualista, precipitado e irresponsável. Precisa gostar do que faz. Ouvir as pessoas e saber tirar delas tudo do que precisa para os seus projetos. Sempre me considerei como dono do negócio em que trabalhava, Não desistir de uma ideia no primeiro obstáculo encontrado”, aconselha.

Aproveitar as oportunidades

Natasha Duks, de 21 anos, está no oitavo período de Psicologia e faz estágio na Mira RH. Ela conta que está na empresa há sete meses e em apenas três foi promovida. O seu perfil de liderança a tornou coordenadora dos outros estagiários.

“Acho que a minha ascensão rápida na empresa foi por que nunca me contentei em fazer apenas o que me mandavam. Sempre estive e estou disponível, solícita e querendo aprender”, relata Natasha.

Já a assistente de RH, Ana Claudia da Silva, de 25, começou como recepcionista da agência de publicidade Kindle em julho de 2011 e em 11 meses se tornou assistente de RH.

“Entrei como recepcionista na agência, mas fui ‘abraçando’ as oportunidades. Ajudava no setor administrativo, financeiro e toda a parte de DP. Quando implementaram o RH, fui promovida”, diz.

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