Por tabata.uchoa

Rio - O novo consumidor quer se alimentar sem degradar o planeta. Por isso, restaurantes e grupos de cidadãos têm investido em ‘culinária sustentável’, utilizando ingredientes orgânicos, da estação e comprados de pequenos agricultores. A preocupação vai desde a produção do alimento até o prato que chega à mesa.

Restaurantes e grupos de cidadãos têm investido em ‘culinária sustentável’Istock


Segundo Tatiana Lund, chef do bistrô .Org, na Barra, há um interesse cada vez maior dos clientes. “Eles querem sentir que ajudam os agricultores familiares, que incentivam o plantio de orgânicos, e esses hábitos inspiram uma nova forma de vida”, explica. No restaurante Ibérico, no Jardim Botânico, por exemplo, os vegetais vêm de pequenos produtores orgânicos de Petrópolis e os frutos do mar, da colônia de pescadores de Copacabana. Para complementar, uma horta própria está prestes a sair do papel.

Segundo Antonio Alcaraz, sócio do Ibérico, comprar de produtores próximos favorece o desenvolvimento econômico do entorno. “Estamos aplicando o princípio do ‘quilômetro zero’: quanto mais curto o trajeto para transportar o produto, menor a emissão de gases poluentes pelo veículo usado para a finalidade”, analisa.

Já o plantio e uso de ingredientes ‘de época’ não desgastam a terra. Além disso, alimentos plantados dentro do ciclo natural do solo não precisam de agrotóxicos para se desenvolver plenamente.
A chef Tatiana dispensa nas suas receitas todo tipo de ingrediente processado (como farinha branca e açúcar refinado), e abraça frutas, legumes e verduras que as feiras orgânicas oferecem.

A responsabilidade social vai além. No projeto ‘Gota a Gota’, do Ibérico, é servida água purificada, grátis. Quem quiser levar a garrafa (de vidro) paga R$ 3,50. Metade do valor vai para o projeto Gastromotiva, apoiado pelo Ibérico. São cursos profissionalizantes de culinária, gratuitos, para jovens de baixa renda. Nas últimas três semanas foram enviados R$ 2 mil ao projeto.

No restaurante Ibérico%2C iluminação mais econômica e jardim vertical são destaques no ambiente Rodrigo Azevedo / Divulgação

Projeto arquitetônico também é ‘verde’

No Ibérico, o projeto arquitetônico também é sustentável. Na iluminação, são usadas lâmpadas LED, que são mais econômicas e não contêm mercúrio em sua composição. Um telhado ‘verde’ e jardim vertical com espécies nativas deixam o ambiente mais fresco, reduzindo a necessidade de ar-condicionado. Reservatórios captam água de chuva, utilizada para regar plantas. E o piso é drenante, ou seja, permite a passagem da água direto ao solo, irrigando a terra e evitando alagamentos.

Compras coletivas

O grupo de compras coletivas Rede Ecológica oferece apenas produtos que vêm diretamente de pequenos agricultores. O grupo se estrutura em 12 núcleos no Estado do Rio de Janeiro, em diferentes bairros. Cada núcleo organiza os pedidos feitos por seus associados e faz contato com os produtores.

“Quando o consumidor adquire os produtos da estação na compra coletiva, está valorizando a agrobiodiversidade e o conhecimento dos agricultores sobre as espécies e as formas de manejo que não agridem ao ambiente”, diz a geógrafa Thaís Bittencourt, da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica do governo federal. Segundo ela, o Brasil é atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. “Uma posição lamentável”, afirma. Para se associar à Rede Ecológica, acesse www.redeecologicario.org.

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