Por tamara.coimbra
Rio - As novas listas de espécies ameaçadas de extinção divulgadas pelo Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes (ICMBio) trouxeram boas e más notícias. No levantamento de mais de 12 mil animais e que avaliou 100% dos anfíbios, aves, mamíferos e répteis do Brasil, alguns animais, como a jaguatirica, a arara-azul grande e a baleia jubart, deixaram a listagem. Além disso, três espécies — uma libélula, uma formiga e um minhocuçu — foram redescobertos após ser considerados extintos. Mas o número de animais que ainda correm risco subiu para 1.173. Entre eles, estão duas borboletas, a Actinote zikani e a Parides burchellanus, que só existem no Brasil.
A jaguatirica e a arara-azul grande não correm riscos de extinçãoDivulgação

O estudo ampliou em 800% as espécies avaliadas — de 816 para 12.256. Elas foram divididas em três categorias quanto ao grau de ameaça: vulnerável, em perigo e criticamente em perigo.

Coordenador de Manejo para Conservação do ICMBio, responsável pela elaboração da lista, Ugo Vercillo, festejou os resultados e garante que a pesquisa trará frutos. “Agora temos uma fotografia exata do risco de extinção da biodiversidade e somos capazes de identificar problemas e evitar o desaparecimento de espécies”, afirma ele.
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As ações mais importantes são o fortalecimento das Unidades de Conservação e a elaboração de Planos de Ação Nacional específicos para cada animal. “Vamos identificar as espécies que não estão em Unidades de Conservação e não possuem planos de ação consolidados. Eles serão priorizados a partir de agora”, aponta Rosana Subirá, coordenadora do ICMBio.
Atualmente, 663 espécies em risco vivem em unidades de conservação e 498 são alvo de planos de ação exclusivos. Mas 234 (20%) dos 1.173 ameaçados não estão em nenhum regime de proteção de órgão do governo federal.
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Levantamento
Criado pelo ministério em fevereiro de 2014, o Programa Nacional de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies) prevê que a lista será atualizada a cada cinco anos. “Porém, dependendo do aporte de novas informações, podemos reavaliar a situação de qualquer espécie anualmente”, diz Vercillo.
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O levantamento brasileiro, baseado nas diretrizes da União Internacional para a Conservação da Natureza, contou com a colaboração de mais de 1.300 especialistas de 200 instituições de pesquisa do Brasil e do mundo.
Lista de peixes proibidos causa protestos e comissão estuda alterações
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A lista de espécies ameaçadas também já enfrenta a sua primeira polêmica. Ela opõe o Ministério do Meio Ambiente ao setor pesqueiro. Estado maior produtor de pescado, Santa Catarina é o que tem feito mais barulho. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí (Sindipi), a inclusão de espécies comerciais, como cherne, garoupa e namorado na listagem vai prejudicar a economia pesqueira da região.
Por outro lado, o Instituto Chico Mendes (ICMBio), vinculado ao ministério, rebate que o número de peixes com interesse comercial que terão sua pesca proibida é pequeno, apenas 46 das 475 espécies consideradas em risco. “Peixes classificados como vulneráveis ainda podem ser pescados se obedecerem a regras de manejo”, afirma Ugo Vercillo, coordenador do ICMBio.
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Para o ambientalista José Truda, vice-presidente do Instituto Augusto Carneiro, a questão principal é que os empresários não estão preocupados com a manutenção da vida marinha. “Eles mineram os peixes, querem explorar até acabar e vão embora. Quem sofre são os pescadores artesanais, que não terão onde trabalhar em breve”, adverte ele.
No último dia 5, o Sindipi bloqueou a saída do porto de Itajaí por 30 horas com um transatlântico com mais de duas mil pessoas em protesto contra listagem do governo. Segundo Vercillo, uma embarcação de pesquisa do ICMBio também foi atacada por rojões. Para terminar com a manifestação, foi criado um grupo de trabalho com representantes dos ministérios do Meio Ambiente e Pesca e a participação do Sindipi para estudar possíveis alterações na lista.