Por bferreira

Rio - Uma torre de 325 metros de altura domina os céus da Floresta Amazônica. A estrutura — sete metros maior que a Torre Eiffel, símbolo de Paris, na França — é fruto de um acordo de cooperação científica entre os governos do Brasil e da Alemanha. O Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês) tem como objetivo monitorar os impactos do aquecimento global sobre o ecossistema da maior floresta tropical do planeta.

A construção — que é a maior estrutura de observação meteorológica da América do Sul — será capaz de controlar a partir de maio o fluxo de carbono e aerossóis na atmosfera da Floresta Amazônica, traçar a concentração de gases na área e estudar o processo de formação e desenvolvimento das nuvens.

“Queremos diminuir as incertezas nesses campos da pesquisa científica e contribuir para aprimorar a representação da Amazônia e outras áreas tropicais úmidas nos modelos climáticos”, diz Antônio Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e coordenador brasileiro no projeto.
De acordo com Steffan Wolff, também pesquisador do Inpa, a torre Atto possui grande importância na proteção futura do ecossistema tropical. “Se conseguirmos entender as mudanças climáticas agora, quando elas ainda não são tão fortes, nós poderemos compreender quais são os perigos que estão no nosso horizonte”, afirma o especialista.

E não será apenas a Floresta Amazônica que sairá ganhando com a nova estrutura. Os dados coletados no local terão influência sobre o modo como o planeta vai encarar o aquecimento global, acredita Luiz Renato de França, diretor do Inpa. “Os ganhos da torre Atto transcendem a Amazônia. O mundo todo vai se beneficiar das informações adquiridas em nossas pesquisas relacionadas às mudanças climáticas globais”, enxerga ele.

Observatório vai funcionar 24 horas por dia, pelo menos até o ano de 2044

O Observatório de Torre Alta da Amazônia, que ficou pronto em novembro e levou três meses para ser erguido, permanecerá em operação a partir de maio, 24 horas por dia, até 2044, segundo a expectativa dos cientistas do projeto.

Avaliada em cerca de R$ 20 milhões, a torre é uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Universidade Estadual do Amazonas e o Instituto Max Planck de Química, ligado ao governo da Alemanha.

Situado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uatumã, jurisdição do município de São Sebastião do Uatumã, o observatório fica a 150 quilômetros de distância de Manaus e é quatro vezes maior que a estrutura em funcionamento no local hoje em dia. Isto vai permitir monitorar mil quilômetros a mais do que a área coberta atualmente.

A altura traz outros benefícios ao estudo, pois registros realizados em baixas altitudes tendem a ser menos confiáveis, já que sofrem grande influência das variações climáticas do local onde a medição foi feita. “Quanto mais alto, maior a interação com a superfície”, diz o pesquisador Claudio Manzi.

Junto à estrutura de 325 metros de altura, outras quatro torres auxiliares com cerca de 80 metros serão erguidas no entorno da Atto. Em conjunto, os cinco observatórios enviarão os dados obtidos via satélite para serem acessados pelos cientistas envolvidos na pesquisa de qualquer lugar.

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