Por karilayn.areias

Rio - Sete bilhões de dólares. É com este cacife que o governo brasileiro vai sentar à mesa na próxima rodada da Cop 21 (Conferência Mundial sobre Meio Ambiente), em dezembro, na França. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, o valor economizado pelo Brasil ao reduzir as queimadas na Amazônia, desde 2004, servirá de apelo para se obter verbas a pesquisas agropecuárias e tecnologias como a do pasto orgânico, que diminui a poluição causada pelo arroto do gado.

O cenário desolador das queimadas. Além de prejuízo ambiental%2C desperdício com perda de madeira que poderia estar sendo exportadaReuters

“O efeito estufa e o lançamento de CO2 na atmosfera serão os temas centrais”, disse a ministra, durante o Segundo Encontro Nacional de Editoress e Blogueiros (Enecob), no Hotel Kubitscheck Plaza, em Brasília. “Planejamos a meta voluntária para alcançar até 2020, mas reduzimos 76%. Isso gera economia aproximada de até 7 bilhões de dólares.”

O objetivo é sair dos 27 mil km quadrados queimados, em 2004, para 3.900 km quadrados até 2020. “O Brasil é um player internacional. Não há solução em Paris (Cop 21) se o Brasil não estiver a bordo, assim como se os EUA não estiverem.”

Com esta valorização, a ministra acredita que conseguirá compensações para melhorar ainda mais os índices. Ela lembra que o Brasil chegou a ser o terceiro maior emissor de monóxido de carbono na atmosfera, quando atingiu o pique máximo de queimadas. “É preciso fazer com que todos os países tenham compromissos compulsórios de emitir menos. Somos o único país em desenvolvimento que tem uma política de metas para redução da emissão.”

Ela lembrou que, além das queimadas, a agricultura também é responsável por fazer do país um emissor de poluentes. Segundo a ministra, a FAO reconhece o potencial do Brasil na produção de alimentos e na luta contra a fome. Por isso o foco em adquirir tecnologias agrícolas que ajudem a melhorar ainda mais seu desempenho. “Alguém vai ter que pagar por isso. Restaurar pastagem tem a ver com diminuir a pressão por novas áreas, e isso evita o desmatamento. E ainda se mexe na dieta do boi.”

Com a carta na manga, Isabella aposta no sucesso do Brasil na Cop 21. “Isso significa dinheiro, tecnologia, investimento. Atender a demanda global de alimentos custa dinheiro.”

Isabella Teixeira durante o encontro em Brasília%2C que aconteceu durante a semana%3A pragmáticaDivulgação

Crítica à poluição dos rios paulistas

A poluição dos rios Tietê e Pinheiros, verdadeiros valões ao ar livre que cruzam a capital São Paulo, foi muito criticada pela ministra durante o encontro em Brasília. Para Isabella, já passou da hora de o brasileiro entender que as ações de sustentabilidade precisam acontecer em seus próprios quintais, e não apenas na Amazônia. Ela acredita que a cultura de criticar o desmatamento e desperdiçar água em casa precisa mudar.

“São Paulo tem toda esta escassez de água e dois rios imensos cruzando a cidade, mas totalmente poluídos. Porque não questionam esta poluição?”, perguntou a ministra.

Ela citou Cingapura como um exemplo a ser seguido, já que o país asiático tem 100% de água de reúso utilizada. “Além destes rios, São Paulo também tem um terceiro, que foi canalizado, mas também está poluído. Cingapura alcançou este status com investimentos. Isto é tecnologia, tem que botar dinheiro.”

No fim do encontro, ela pregou uma maior conscientização dos brasileiros diante da crise hídrica pela qual o país passa. “A sociedade brasileira precisa estar engajada na nova escolha dos caminhos de seu desenvolvimento.”

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