
Rio - "Uma simples conversa telefônica de um político desqualificado”. Essa é a avaliação do prefeito de Japeri, Carlos Moraes, do PP, sobre as confissões do petista José Carlos de Souza, o JC, 47 anos, suplente de vereador, feitas à mãe, dona Lourdes de Souza, 61 anos, sobre compra de votos na última eleição para a Câmara de Vereadores. JC assumiu que comprou 50 votos por R$ 50 cada um e revelou que outros quatro vereadores, para garantir que fossem eleitos, gastaram a bagatela de R$ 200 mil a R$ 300 mil.

Na lista, está a vereadora Roberta Bailune (SD) que está afastada do parlamento por comandar a Secretaria de Educação. Ela será mantida no cargo. O prefeito disse que vai aguardar com serenidade as investigações que serão feitas pela Polícia Federal (PF) a pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE).
“A secretária está fazendo uma administração exemplar, superando todas as expectativas do meu governo”, argumentou Moraes. Como O DIA mostrou na série de reportagem ‘As Lições de Dona Lourdes’, que começou a ser publicada domingo, a senhora repreendeu o filho por comprar votos na conversa gravada com autorização da Justiça. A gravação foi consentida porque JC é suspeito de encomendar serviços de uma quadrilha para fraudar documentos no Detran. Dez acusados já foram denunciados à Justiça.
"É um empresário fracassado, morador de cidade vizinha de Paracambi, portanto estranho à vida pública de Japeri, e criou um factóide na tentativa de assumir uma cadeira na Câmara”, analisou Moraes sobre JC.

Enquanto o prefeito desdenha das confissões de JC, o promotor Marcus Vinicius Leite pediu à 28ª Vara Criminal para encaminhar a gravação ao MPE. A promotora eleitoral de Japeri, Julia Valente Moraes informou que tão logo a documentação chegue, pedirá à Polícia Federal a instauração de um inquérito. Comprar voto é crime eleitoral e a pena pode chegar a quatro anos de reclusão. Se comprovado, o candidato pode ficar inelegível por oito anos. A Câmara tem 11 vereadores, com salários de R$ 10.500 por mês. Japeri é considerado um dos municípios mais pobres do estado do Rio.

Leia a íntegra da conversa
Mãe: Tá bom, mas é o seu nome que fica sujo por aí.
Filho: Que nada, mãe.
Mãe: Fica sujo, fica sujo.
Filho: Sujo, nada.
Mãe: Porque comprou voto por R$ 50.
Filho: Sujo nada, mãe.
Mãe: Não suja, hã.
Filho: Suja nada. Quem é mal votado aí, é quem se a gente não tem aí 652 votos....Negô está me massacrando por causa de 652 votos. Ninguém gosta dele na cidade porque teve 652 votos.
Mãe: Imagina ouvir assim: Ah, não adiantou comprar voto porque teve 600 votos, o que adiantou?
Filho: Não, mãe. Ninguém fala isso.
Mãe: (...)você vai ver só.