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O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e um número registrado como sendo do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), fizeram 46 ligações via WhatsApp entre fevereiro e maio, segundo relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo e tornado público no sistema da Corte no último dia 11. A maior parte dos contatos ocorreu entre março e maio, período em que o tucano já estava sendo investigado na Suprema Corte sob suspeita de receber propina da JBS. A informação sobre o parecer da PF foi dada pelo 'BuzzFeed' e confirmada pelo UOL.

O laudo traz informações sobre ligações e documentos encontrados em cinco dispositivos eletrônicos que estavam em posse de Aécio Neves e foram apreendidos na Operação Patmos, da PF, no dia 18 de maio. São três celulares, um tablet e um computador.

Afastado do Senado por decisão da Primeira Turma do STF desde setembro, Aécio Neves retornou à Casa quarta-feira, um dia após a maioria dos senadores revogar a decisão da Corte. A decisão foi possível graças a um entendimento do próprio STF do último dia 11, de que medidas cautelares aplicadas a parlamentares pelo Supremo deveriam ser autorizadas pelas Casas Legislativas. A votação no STF terminou com seis votos a cinco, com Gilmar Mendes entre os vencedores.

'Contatos frequentes'

No relatório, a PF destaca que Gilmar Mendes é relator de quatro dos sete inquéritos que investigam o tucano no STF. "No material analisado, embora sem conteúdo probatório correlacionado aos fatos sob investigação (Operação Patmos), destacam-se os registros verificados nos aparelhos celulares utilizados por Aécio, nos quais se evidencia os seus contatos frequentes com o ministro Gilmar Mendes, relator de quatro inquéritos em que ele aparece como investigado", diz conclusão do relatório da PF.

Das 46 ligações, 38 foram registradas em um aparelho de Aécio e outras oito em um segundo modelo periciado. As ligações e tentativas de ligações feitas via WhatsApp, no entanto, não foram interceptadas pela PF. Sem contar com a gravação na memória interna do celular de Aécio, não foi possível saber o conteúdo das conversas. "Considerando-se que assim como em ligações normais, via operadoras telefônicas, as realizadas por intermédio do aplicativo citado não ficam gravadas no aparelho utilizado, a não ser no caso de mensagens escritas ou de áudio, o que não é o caso, não é possível conhecer a finalidade ou o contexto em que houve essas ligações, restando tão somente evidenciado a frequência de contato entre as autoridades em questão", diz trecho.

Defesa

Em nota, o advogado do senador, Alberto Toron, afirmou que Aécio mantém "relações formais" com Gilmar e que, como presidente do PSDB, ele manteve contatos com o ministro, que é presidente do TSE, "para tratar de questões relativas à reforma política". "Ressalte-se que pouco mais da metade das ligações citadas foram completadas, conforme consta do relatório da PF."

Em nota, Gilmar Mendes, informou que manteve contato pelo celular com Aécio Neves para tratar do projeto de lei de abuso de autoridade. "Os encontros e conversas do ministro Gilmar Mendes são públicos e institucionais", diz.

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