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Supostos crimes militares, especialmente venda de armas apreendidas em operações para traficantes por policiais, já eram alvos de investigações do Ministério Público do Estado e da Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro, envolvendo agentes subordinados ao major Alexandre Frugoni, desde o primeiro semestre deste ano. Na época, Alexandre, comandante da Unidade de Polícia Pacificadora do Caju, preso na quarta-feira, durante operação da Corregedoria da corporação, estava à frente da UPP dos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, no Centro da cidade.

Em meados de maio, conforme reportagem do SBT exibida no dia 19 daquele mês, o MPRJ enviou denúncia à Auditoria da Justiça Militar detalhando o caso de um fuzil apreendido numa incursão de PMs daquela unidade, e não apresentado posteriormente em registro feito na 7ª DP (Santa Teresa). A partir disso, foi dado início a inquérito instaurado para apurar suspeitas de desvios de munição e apreensão de armas, sem que fossem apresentadas à Polícia Civil.

ARMAS IRREGULARES

Na quarta-feira, Frugoni foi preso com mais três policiais da UPP do Caju, onde, no gabinete, na casa do comandante e nos alojamentos da unidade, foram encontradas armas irregulares, projéteis e drogas. Na noite de quarta, o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse que a major Paula Frugoni, mulher de Alexandre, também havia sido presa na operação. No entanto, na manhã de ontem, Blaz informou que houve um equívoco.

Foi divulgada também a informação que 21 PMs tinham sido detidos na ação. "No final da operação, que terminou nesta manhã (ontem), restaram três praças presos. Um por tráfico de drogas, outro por munição no armário e outro por tentar avisar o Frugoni da operação, ou seja, por facilitação real", disse Blaz, ontem de manhã. Em nota, a Polícia Militar esclareceu que Paula não foi autuada ou presa. Ela apenas foi convidada a prestar esclarecimentos, mas o teor do depoimento não foi revelado.

De acordo com a Auditoria de Justiça Militar, como parte do inquérito conduzido pela Corregedoria da PM, onde é investigado o desvio de munição e outros materiais por policiais da UPP do Caju, a operação foi para cumprir 23 mandados de busca e apreensão em diversos endereços e na sede da unidade.

"Foram apreendidos mais de 1.500 projéteis de diversos calibres, pistolas, drogas e granadas. Todo material está sendo periciado. O comandante da UPP Caju foi preso por porte de arma ilegal de uso restrito e os três policiais por posse de drogas e favorecimento. Todos foram conduzidos para uma unidade prisional da PM em Niterói", apontou a nota.

De acordo com testemunhas, o fuzilcuja apreensão foi em uma troca de tiros com um suspeito no Rio Comprido, em maio teria sido vendido por policiais à paisana a traficantes do Fallet. Na época, o promotor de Justiça Paulo Roberto Melo, em entrevista ao SBT, afirmou que a corregedoria e o MP tratavam as denúncias como 'extremamente grave'. Ontem a PM não comentou o assunto.

Major Paula fez esclarecimentos sobre material em casa
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A major Paula Frugoni, lotada no Departamento de Finanças da PM, prestou esclarecimentos ontem, sobre acusações de que ela teria tentado supostamente esconder parte do material apreendido na casa do casal.
No local, foram apreendidas uma pistola com dois carregadores, duas granadas (de gás de pimenta e lacrimogênea), uma além de dois carregadores e 60 projéteis de calibre ponto 40.
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Amigos do major Alexandre Frugoni se disseram surpresos com as acusações, já que ele é um dos melhores atiradores da Polícia Militar, com salário em torno de R$ 15 mil.
"Eu ponho a mão no fogo por ele. A família dele é tradicional, dona de empresa. E tem um currículo invejável de combate ao crime", comentou um amigo, que preferiu não se identificar. Em março, Frugoni ganhou notoriedade por ato de bravura, ao atirar em um bandido e evitar um assalto, mesmo estando à paisana, no Maracanã. O caso aconteceu na Rua São Francisco Xavier, em frente à Uerj.
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Na ocasião, o comandante, que era lotado na UPP Fallet, desceu de um carro instantes depois do assalto e fez os disparos contra o bandido, que acabou sendo preso.
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Arsenal em sala de comandante
Alexandre Frugoni recebeu voz de prisão depois da apreensão de um verdadeiro arsenal, sem registro, com mais de três mil balas de vários calibres, 76 balas de borracha, mais de 40 granadas de diversos tipos, e uma pistola Glock calibre 9mm, com numeração raspada. O material estava na sala do comandante. Mais 18 PMs da unidade estão sob investigação. Duas pistolas e uma submetralhadora também foram apreendidas em alojamentos.
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Segundo testemunhas, traficantes do Caju teriam soltado fogos depois da prisão do major. No teto da unidade, cães farejadores encontraram parte dos mais de 200 pinos de cocaína e 196 tabletes de maconha.
Entre o material apreendido, também havia rádios transmissores, luneta de fuzil e cadernos de anotações do tráfico. Catorze chaves mixas, usadas para abrir carros clandestinamente, binóculos, pé de cabra, pá e até um triturador de maconha também foram apreendidos. Equipes da Coordenadoria de Inteligência e do Ministério Público Militar participaram da apuração do caso.
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