Na volta ao Senado, permitida pelo Supremo, Aécio e Tasso conversavam amigavelmente. Agora é guerra - Marcos Oliveira/Agência Senado/31.10.17
Na volta ao Senado, permitida pelo Supremo, Aécio e Tasso conversavam amigavelmente. Agora é guerraMarcos Oliveira/Agência Senado/31.10.17
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Se o clima no ninho tucano já andava pesado há meses, ontem o caldo entornou de vez. Mesmo licenciado da presidência do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) destituiu Tasso Jereissati (CE) do comando interino da legenda. A decisão veio um dia depois de Tasso anunciar que disputará as eleições internas, daqui a um mês, contra o aecista Marconi Perillo (GO). Até lá, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, o mais velho entre os vice-presidentes tucanos, toca o que sobrou do partido.

Aécio afirmou que a destituição foi "absolutamente legítima", "natural" e "necessária" para garantir a isonomia da eleição da nova Executiva, marcada para o dia 9 de dezembro. "Nos meus quase 30 anos de militância no PSDB, sempre agi pela unidade do partido, isso é incontestável, e sempre com enorme responsabilidade. A mesma responsabilidade que me fez indicar o senador Tasso Jereissati para cumprir adequadamente essa interinidade, como ele cumpriu, me fez, agora, nomear o ex-governador Alberto Goldman", defendeu um diplomático Aécio.

Defenestrado, Tasso creditou sua 'demissão' a diferenças "profundas" e "irreconciliáveis", entre eles de comportamento ético, político, visão de governo e fisiologismo. Tasso disse que o Palácio do Planalto influenciou no ato de Aécio, que alegou sofrer "pressão", sem, no entanto, detalhar de quem.

"Estou desempregado", ironizou Tasso. "Aécio não está pensando no coletivo do partido há muito tempo, desde quando está agarrado a essa presidência. Se estivesse pensando, isso não estaria acontecendo hoje, nem essa crise. É mais importante a gente estar unido à voz das ruas, do que apegado às benesses do poder", atacou.

Dois PSDBs?

O cearense também negou que vá sair. "O PSDB desses caras não é o meu PSDB", afirmou. "Não é do Fernando Henrique, do Mario Covas, do Zé Richa, do Franco Montoro. Não é esse PSDB que está aí."

Enquanto o grupo de Aécio defende a permanência da sigla na base do governo, o grupo de Jereissati quer o desembarque até o fim do ano. Em conversas reservadas, esta semana, o mineiro avaliou que os parlamentares contrários a Temer, os chamados "cabeças pretas", também querem inviabilizar as reformas da atual gestão, como a da Previdência.

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