Manifestação na Unidade de Atenção Primária Zilda Arns fechou trecho de via para denunciar problemas. Segundo entidade de médicos, bloqueio, no início do ano, de R$ 540 milhões da Saúde pode ter sido a causa - Maíra Coelho /Agência O Dia.
Manifestação na Unidade de Atenção Primária Zilda Arns fechou trecho de via para denunciar problemas. Segundo entidade de médicos, bloqueio, no início do ano, de R$ 540 milhões da Saúde pode ter sido a causaMaíra Coelho /Agência O Dia.
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Funcionários e pacientes das Clínicas da Família e dos postos de saúde do município fizeram protestos em diversos bairros do Rio para denunciar a falta de insumos e de medicamentos, além de cobrar a regularização dos salários atrasados. Os manifestantes bloquearam o trânsito parcialmente em importantes vias, como a Avenida Brasil e a Autoestrada Lagoa Barra, além de terem interferido em outros 28 pontos da cidade. A Associação dos Médicos de Família e Comunidade do Rio de Janeiro (Amfac-RJ), que representa os médicos que trabalham nas unidades de atenção primária, acusa a Prefeitura do Rio de ter bloqueado R$ 540 milhões no início do ano, que seriam destinados aos serviços de saúde.

Segundo o presidente da entidade, Moises Vieira Nunes, o Ministério Público convocou a Amfac-RJ para uma reunião hoje a tarde com a Procuradoria Geral do Município e os representantes das Organizações Sociais a fim de buscar soluções para as demandas dos grevistas. "Na semana passada, apresentamos as nossas reivindicações ao MP. Agora, iremos sentar com a prefeitura e com representantes das Organizações Sociais para definir um calendário sobre a greve. Esperamos que a prefeitura apresente documentos que comprovem que a verba para o pagamento dos salários e a compra dos insumos e medicamentos foi liberada", comentou.

Nunes denunciou que, devido ao término do contrato com o laboratório, exames foram suspensos em Irajá, Madureira, Pavuna, Anchieta, Penha, Ramos, Maré e Ilha do Governador. Em documento interno, a empresa Cientificalab Produtos Laboratoriais e Sistemas Ltda informa que o contrato emergencial firmado com a prefeitura foi encerrado dia 13 sem renovação. Uma mostra que dos 236 remédios oferecidos nas unidades, 175 estão em falta, incluindo analgésicos, antitérmicos, antibióticos e anti-inflamatórios, além de medicamentos de uso contínuo para diabéticos, hipertensos e pacientes psiquiátricos. Um profissional lotado na unidade Zilda Arns, que preferiu não se identificar, afirma que a falta dos medicamentos agrava problemas de saúde.

DOENÇAS AGRAVADAS

O desabastecimento nas farmácias trouxe consequências para a artesã Sueli Coelho, 46 anos, que está sem remédios há uma semana. "Sábado minha pressão subiu. Ontem, um parente me cedeu outro remédio. Já estive três vezes na unidade, mas os funcionários informaram que não há previsão de chegada", lamentou Coelho.

Os funcionários também reclamam que não há previsão para receber salários de outubro. Médicos iniciaram greve no dia 26 de outubro e, na semana passada, os enfermeiros aderiram. Os agentes comunitários de saúde pretendem cruzar os braços a partir do próximo dia 21. "Trabalho desde 2005 no Complexo do Alemão e nunca vi situação tão caótica", desabafou o agente comunitário Julio César Boaventura. Segundo ele, alguns colegas não receberam o salário de setembro. "Não há fitas para medir glicose, nem papel para imprimir as receitas".

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