Golfinhos - Reprodução da Internet
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Na imensidão das águas da Baía de Guanabara há um paraíso escondido que abriga pelo menos 475 espécies de animais. O refúgio de aproximadamente 5 mil hectares fica em Guapimirim, único lugar da Baía que ainda possui rios limpos. E é graças às águas claras que a fauna marinha sobrevive. Do boto-cinza ao cavalo-marinho, a vida aquática, apesar das espécies em extinção, é farta, contribuindo para a riqueza do ecossistema. Os segredos da biodiversidade da Guanabara começam a ser desvendados hoje, na série de reportagens 'Há vida na Baía', do DIA, com detalhes sobre esse universo ecológico.

Criada em 1984, com a missão de proteger os manguezais, a Área de Preservação Ambiental (APA) Guapi-Mirim é reconhecida pelo seu potencial biológico. Atualmente, 60% da água doce que chega à Baía vêm da APA. O habitat é o mais favorável possível: são sete rios limpos Caceribu, Guapi-Macacu, Guaraí, Roncador, Iriri, Suruí e Suruí-Mirim que fazem parte da bacia e passam pelo manguezal. Esses rios nascem nas serras de Teresópolis e de Nova Friburgo, em uma área pouco habitada. "A Baía só resiste como ecossistema por conta da renovação dessas águas. Todo esse processo junto, mesmo com os problemas de saneamento, é fundamental para a vida dos animais", explicou Mauricio Muniz, analista ambiental do ICMBio e chefe da APA Guapi-Mirim.

Pelo céu, mais de 240 espécies de aves vivem na região de Guapi. São gaivotas, garças, gaviões e socós, em sua maioria, que buscam alimento nos bancos expostos na maré baixa. A floresta de mangue, que na década de 80 foi totalmente devastada, hoje é rica em sua vegetação. Nos seus bosques, sob as copas das árvores e raízes, os crustáceos, em especial o aratu-vermelho caranguejo de porte médio, com coloração vermelha nas patas fazem moradia. Os répteis, como os lagartos e jacarés, também circulam por ali. Nos troncos e raízes, a presença das ostras e cracas representam uma bela paisagem com a flora de algas. Todos esses habitantes da Baía foram mapeados nos últimos cinco anos por pesquisadores. O resultado deu origem ao censo de animais, divulgado pelo ICMBio.

Além da fauna residente na APA, a região recebe diversos visitantes. Os animais aproveitam a calmaria para alimentação ou até mesmo acasalamento. Cerca de 940 espécies de aves migratórias sobrevoam Guapi durante o ano, a maioria chega do Hemisfério Norte. O mesmo acontece com alguns mamíferos, como golfinho-de-dentes-rugosos. Naturalmente, essa espécie vive no litoral de São Paulo e, quando chega ao Rio, entre abril e agosto, fica em Niterói. Eles escolhem esse lugar porque não é o habitat de outros mamíferos. Biólogos acreditam que esses golfinhos utilizam as águas da Guanabara para alimentação, pois nesta época há abundância de tainhas.

Boto-cinza: símbolo do Rio e estrela da Baía
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Eles estão estampados no brasão da Prefeitura do Rio de Janeiro há 121 anos e, recentemente, fizeram aparições pela Baía de Guanabara, na altura de Magé, mostrando que ainda marcam território por ali. A população de boto-cinza na Baía caiu consideravelmente: na década de 80, eram 400 e, atualmente, são apenas 30 na APA de Guapi-Mirim. Mas mesmo em quantidade reduzida, esses animais tão queridos pelos cariocas continuam fazendo suas aparições em público. Com 1,80 de comprimento aproximadamente, eles sempre saem em coletivo atrás de alimento. Quando se separam, é comum ocorrer fatalidades. Em setembro, um deles foi encontrado morto na Ilha do Boqueirão, no interior da Baía. De acordo com biólogos, uma das hipóteses para o óbito seria a de que ele ficou preso em uma rede de pesca.
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