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Benfica não quer virar Bangu. Sem querer desrespeitar o tradicional bairro da Zona Oeste, moradores e comerciantes de Benfica andam temerosos com a possibilidade de o lugar se transformar em sinônimo de presídio. Desde maio, quando chegou a primeira leva de políticos presos na Operação Lava Jato à Cadeia Pública Frederico Marques, especialmente o ex-governador Sérgio Cabral, apontado como chefe da organização criminosa que sangrou os cofres do estado, o nome do bairro ficou fortemente associado à prisão, o que tem preocupado quem mora e trabalha lá.

"Benfica é a Rua dos Lustres. Benfica é a Cadeg. Mas, infelizmente está ficando atrelado ao presídio", lamenta Cláudia Aparecida, gerente da Benfica Iluminação. Segundo ela, os políticos aprontaram e a má fama recai sobre o bairro. "O lugar não pode ficar famoso por conta dos corruptos. Queremos que continue marcado como polo de iluminação do Rio de Janeiro. É um lugar de luz", afirma. "Sofremos com isso. É muito ruim levar essa fama", lamenta o dono da loja Estação da Luz 70, Paulo Roberto Lemos de Oliveira, de 69 anos, que tem comércio, há 25 anos, na Rua dos Lustres.

"Na verdade, a parte menos importante de Benfica é a cadeia", garante o diretor social da Central de Abastecimento do Estado da Guanabara (Cadeg). Ele ressalta que o bairro é um polo comercial e cultural de muitos anos. "A Rua dos Lustres é de 1930. A Cadeg foi inaugurada em 9 de janeiro de 1962. Benfica tem muitos lugares para serem explorados", garante Lobo. Ele, inclusive, lamenta o fato de muitos cariocas não conhecerem, ainda, o mercado municipal de sua cidade. "É como uma identidade. Toda cidade importante tem seu mercado municipal, que mostra suas raízes", explica Lobo, afirmando que "Benfica não é cadeia. Benfica é Cadeg".

Morador do bairro há 74 anos, o servidor aposentado da Justiça Federal, José Bernardo Nunes, 80, é outro que se mostra inconformado com o estigma que estão criando para o bairro. "É desonroso. Benfica virou sinônimo de cadeia. Benfica é um bairro bom", diz Nunes, que se confessa preocupado com a desvalorização do lugar onde cresceu.

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