Carros Eletricos da Renault em Porto Alegre
Carros Eletricos da Renault em Porto AlegreFotos Luiz Costa/La Imagem/Divulgação
Por O Dia
Os veículos elétricos estão se disseminando ao redor do planeta, mas de forma muito modesta no Brasil. Porém, é possível imaginar, em um futuro não tão distante, um cenário no qual todos os carros por aqui serão elétricos. E há quem já comece a analisar o impacto da recarga desta nova frota na rede elétrica nacional. De acordo com Tatiana Bruce, pesquisadora da FGV Energia, uma situação em que todos os veículos elétricos (VEs) do país estarão ligados na tomada simultaneamente é possível, mas altamente improvável.
"Quando os carros 100% elétricos forem parte significativa da frota brasileira, a tecnologia e regulação terão evoluído de forma que recargas desordenadas, que elevariam perigosamente a demanda de pico, não serão a norma", explica.
Publicidade
A especialista ressalta que a descarbonização (redução de emissão de gases poluentes por automóveis) no setor de transportes até 2030 ocorrerá por meio da utilização de biocombustíveis. Bruce aponta que o Relatório de Mobilidade Elétrica, desenvolvido pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ (Gesel), descreve um cenário no qual os VEs representarão 20% da frota nacional em 10 anos, percorrendo 8 mil km por ano e consumindo 6 kWh/km.
"Dadas essas premissas, a demanda de eletricidade desses veículos equivaleria a menos de 2% de toda eletricidade consumida no país em 2011. Quanto à potência, o acréscimo seria de 10%, caso o abastecimento dos veículos ocorresse após as 18 horas", analisa.
Publicidade
Em um estudo da CPFL, considerando uma participação na frota veicular nacional de 4% a 10% até 2030, o consumo de energia elétrica adicional causado por carros elétricos seria de 0,6% a 1,6%. "No caso do impacto na rede, simulações computacionais concluíram que a capacidade atual conseguiria suportar essa carga adicional. Seria uma situação semelhante à instalação de um novo shopping ou edifício comercial", esclarece a especialista da FGV Energia.
Por fim, Tatiana Bruce menciona que as baterias de veículos elétricos ainda permitem o armazenamento de energia para fontes intermitentes, como a eólica e solar. "Quando os carros elétricos forem comuns no Brasil, a tecnologia de abastecimento com eletricidade também já terá evoluído", acrescenta a pesquisadora.
Publicidade