Projeto Coral-Sol, mergulho com ações para o controle da espécie invasora de corais.
Projeto Coral-Sol, mergulho com ações para o controle da espécie invasora de corais.Divulgação
Por ANGÉLICA FERNANDES
Eles vieram de longe, do Indo-Pacífico e das Ilhas Galápagos, no Equador, e há 20 décadas se proliferam pelo fundo do mar no Rio de Janeiro. Conhecido como espécie invasora, o Coral-Sol se espalha rapidamente, feito um tapete, pelos costões rochosos e matam algas e mexilhões, o que desestabiliza a cadeia alimentar. Para combater o problema, o Instituto Brasileiro de Biodiversidade (BrBio) iniciou a segunda fase do projeto para remoção da espécie, que terá parceria com associações de mergulho.
Além do manejo, o projeto também vai focar na educação ambiental, com palestras em escolas e museus sobre a importância da vida marinha e prejuízos dos animais bioinvasores. Na área de pesquisa, o mais importante, segundo o instituto, é monitorar a periodicidade para retirada do Coral-Sol. "Fazemos a remoção a cada três meses, mas estamos avaliando ainda qual é a frequência ideal de retirada para que eles não se espalhem", explicou Elianne Omena, coordenadora da nova fase do Projeto Coral-Sol.
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A técnica utilizada pelos mergulhadores para remoção da espécie é totalmente manual. Com martelos, eles mergulham até 15 metros de profundidade e recolhem o animal. O esqueleto, rico em bicarbonato de cálcio, são reutilizados e doados a artesãos. "Temos um trabalho de capacitação dessa mão de obra para utilizar o coral em artesanato, como bijuterias", destacou Elianne.
O primeiro registro da espécie invasora nas águas do Rio foi em 1980, na Bacia de Campos. Os animais chegaram em plataformas de petróleo, na água de lastro dos navios. Dez anos depois, foi detectado o mesmo coral na Ilha Grande, que até hoje preocupa, pois o fundo do mar permanece infestado. "É nossa área mais comprometida", contou a coordenadora do projeto. Em 2004, pesquisadores acharam a espécie na Região dos Lagos e no Arquipélago das Cagarras, na cidade do Rio. Quatro anos depois, os animais invadiram a costa de São Paulo e, posteriormente, Espírito Santo e Bahia.
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"O Coral-Sol não é inimigo da natureza, ele só está no lugar errado. Em outras regiões, como no Golfo do México, eles vivem em harmonia com outras espécies", completou Omena.
CAPACITAÇÃO
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Entre as ações que serão adotadas pelo projeto está a parceria com operadoras de mergulho para capacitar os profissionais sobre a remoção da espécie invasora. Também serão oferecidos cursos para habilitar gestores e analistas sobre como lidar com as consequências da bioinvasão e aprender detalhes da conservação marinha.
Em junho, quatro companhias, entre elas a Petrobras, foram obrigadas, pela Justiça, a apresentar plano emergencial e cronograma de execução para controle do Coral-Sol. As embarcações passarão a ter inspeção para impedir a espécie.
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