Leandro Lyra 
Engenheiro e vereador pelo Partido Novo
Leandro Lyra Engenheiro e vereador pelo Partido NovoDivulgação
Por Leandro Lyra Engenheiro e vereador pelo Partido Novo
A Câmara Municipal do Rio aprovou, por 40 votos favoráveis e um contrário, a obrigatoriedade dos cobradores nos ônibus cariocas. Votei contra. A motivação de quem foi favorável trata de dois pontos: fim da dupla função dos motoristas e criação de empregos.
Em cidades que são referência em mobilidade no mundo, a solução para dupla função é o uso ativo do bilhete eletrônico. Os sistemas mais modernos empregam apenas bilhetagem eletrônica ou diferenciação tarifária para diminuir a utilização de dinheiro em espécie, acabando com os efeitos negativos da dupla função. Não é preciso ir a Paris ou Nova York; a cidade de Goiânia não tem cobradores desde a década de 90. Caminhamos para um atraso de 20 anos em relação ao próprio Brasil.
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Ao incentivarmos o uso do bilhete eletrônico, teremos um transporte público, além de moderno, mais eficiente, transparente e seguro. Eficiente, porque reduziremos o tempo de embarque e permitiremos uma maior integração entre modais. Transparente, porque teremos registros eletrônicos das passagens, dificultando lavagem de dinheiro e sonegação. Seguro, porque reduziremos os valores em espécie dentro dos coletivos e, consequentemente, o ímpeto para assaltos.
E os empregos? É fato que, ao se optar pelos cobradores em vez do bilhete eletrônico, criar-se-ão empregos no Rio. Porém se empregos nascessem facilmente assim, de uma simples votação na Câmara de Vereadores, por que, dada nossa situação, não criamos o dobro colocando um segundo cobrador em cada ônibus? Porque, nesses casos, apenas metade da história foi contada e quem pagará a conta dos salários e da readaptação dos ônibus é, justamente, quem anda neles.
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O secretário de Transportes do Rio declarou, quando ocorreu a primeira votação do projeto e na CPI dos Ônibus, que a medida aumentaria, no mínimo, em 4% o valor da passagem, resultando em um acréscimo de 15 centavos. Há aqueles que dizem que a tarifa foi superfaturada e que, por isso, a medida é aceitável. Mas então que se reduza a tarifa! O que, inclusive, já foi feito (hoje pagamos R$ 3,40). O que não podemos aceitar é que o carioca passe a pagar um valor maior em virtude de uma escolha errada da Câmara de Vereadores. Deveríamos, ao invés disso, aumentar o número de pontos de recarga e ampliar a concorrência no serviço de bilhetagem.
Fui o único voto contrário ao projeto que obriga o retorno dos cobradores por ter a convicção de que não é o melhor nem para o transporte público do Rio nem para o bolso do cidadão carioca.
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