Por Francisco José Ferraro Genu Auditor fiscal da Receita Estadual
Há poucos dias, enviei para um grupo de Whatsapp uma mensagem cujo tema era a isenção de impostos no valor de um trilhão de reais concedida pelo governo federal às petroleiras. Logo abaixo, uma amiga postou algo sobre a prisão do Maluf.
A nota do Maluf despertou série de comentários irados, na base do "mata, esfola", enquanto a informação sobre o trilhão não provocou qualquer reação.
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Independentemente da necessidade de combate a qualquer tipo de corrupção, o silêncio sobre o trilhão de reais me levou a imaginar o que ocorreria se, aos 86 anos, o Maluf tivesse roubado, a cada dia de sua existência, 1 milhão de reais algo como um apartamento de classe média na Zona Sul do Rio. Vejamos: 1 milhão x 360 dias x 86 anos = 31 bilhões ou 31 mil apartamentos de classe média. Uma grana de causar espanto, mas ainda assim 32 vezes menor que o trilhão concedido às petroleiras numa única canetada.
A comparação acima confirma amplamente uma tese do sociólogo Jessé Souza no livro 'A elite do atraso'. Existe uma corrupção do mercado, gigantesca, bilhões, trilhões, porém tornada invisível a todos por conta de uma série de fatores; e existe a corrupção do Estado, dos políticos, essa que faz parte das conversas enfurecidas de qualquer festinha de classe média, mas que, em realidade, é diminuta, residual.
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Não à toa, Jessé Souza chama essa última modalidade de corrupção dos tolos. Até porque é isso que faz o grande capital rir da nossa cara. Enquanto estivermos prestando atenção nas merrecas do Maluf, as grandes corporações poderão roubar todo o dinheiro do mundo sem que ninguém reclame.