Estratégias para driblar a polícia
Bando ligava informando paradeiro falso de 157 para despistar agentes e ele circular entre favelas
Os 74 dias de fuga do traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, foram regados a festas em bailes funk, ligações ao Disque-Denúncia com falsas informações para despistar seu paradeiro e brigas constantes com aliados, incluindo a mãe da sua filha, que pediu divórcio. O criminoso confiava tanto que não seria preso, que voltou inúmeras vezes à Rocinha, furando o cerco de 500 policiais militares.
Já detido, na quarta-feira, achou graça da fila de policiais que pediam para tirar fotos ao seu lado. Um dos seus advogados afirmou que Rogério chegou a fazer chacota com o rival, Antônio Bonfim Lopes. "Bem diferente do Nem, não?", disse, puxando a gola da camisa e caindo na risada. Ele imitava a forma como os policiais conduziram Nem à sede da Polícia Federal, em 2011.
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Ainda na delegacia, chegou a reparar na beleza de uma repórter e comentou com seu advogado. "Não iria dar entrevista. Mas vi os olhos azuis e não resisti". Rogério teria respondido à jornalista "não sei", em relação ao fato de se sentir aliviado com o fim da caçada policial. Após passar dois dias na solitária, já tinha a resposta. "Preferia estar morto do que aqui", afirmou à defesa.
Para amenizar a passagem dos 45 anos a que ele deve ser condenado, o traficante reforçou um pedido na visita que recebeu, sexta-feira: quer fazer uma colaboração premiada. Como troca por segredos do tráfico, pretende reduzir sua estadia em um presídio federal. Procurado, o delegado Antônio Ricardo Nunes, titular da Rocinha, disse que já recebeu a informação da defesa. "Não vou entrar em detalhes. Mas temos interesse, sim", afirmou.
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Por conta disso, Rogério ainda não prestou depoimento formal. Mas aos policiais que foram ouvidos pelo DIA, passou algumas informações. Entre elas, está o motivo do racha com Nem: a falta de atenção que ele ofereceu ao seu genro, Adriano Cardoso da Silva, o Modelo.
Em agosto, Modelo, que possui uma filha de meses de idade com Duda, a primogênita de Nem, levou um soco de um traficante em um beco. Inconformado, procurou por Rogério, que fez pouco caso da reclamação. Um mês depois, Nem enviou um recado: a chefia deveria ser entregue a Ramon Aleluia, o Manga. Segundo o delegado Nunes, Manga aparece em um vídeo feito em maio, no Maracanã. Na imagem, ele está no meio de duas mulheres que brigam por sua causa. Uma delas é ex-mulher de um PM.
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Rogério disse que a ordem foi causada por fofoca e não a cumpriu. A guerra, então, foi declarada. O conflito que se seguiu chamou a atenção da imprensa nacional e internacional. Fez com que Rogério 157 se tornasse conhecido além dos limites da Rocinha. Agora, desfruta da fama atrás das grades.