Matéria Baiana System e Nação Zumbi - capa D - Divulgação
Matéria Baiana System e Nação Zumbi - capa DDivulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - O ano passado foi de desafios para os baianos do BaianaSystem e para os pernambucanos da Nação Zumbi. A primeira banda, que se apresenta sexta na Fundição Progresso com o show de pré-carnaval 'Rio-Bahia Pirataria', fez dois grandes festivais (Lollapalooza e Rock In Rio) e ainda realizou shows fora do país. Já o Nação encarou a responsabilidade de cantar com Ney Matogrosso no Rock In Rio - dividiu com ele os vocais em músicas dos Secos & Molhados. E ainda fechou a tampa com 'Radiola NZ Vol.1', disco com nove covers de músicas de Tim Maia, Beatles, Gilberto Gil, Secos & Molhados ('Amor', com Ney nos vocais).

Aliás, covers não. "São versões. A gente deu nossa cara para as músicas. Era uma ideia antiga nossa. A gente já está acostumado a fazer isso em nossos projetos paralelos, como os Sebozos Postizos, em que tocamos Jorge BenJor", conta o vocalista da Nação, Jorge Du Peixe. O grupo gravou uma música pouco conhecida de Tim Maia, 'Balanço', releu a mesma 'Refazenda' de Gilberto Gil que já havia relido no Rock In Rio com Ney, e ousou com versões de 'Tomorrow Never Knows' (Beatles) e 'Ashes to Ashes' (David Bowie).

"Mexer em músicas dos outros sempre é delicado. A gente deu nossa cara, mas preservou a espinha dorsal. Teve muita coisa que tentamos e não deu certo. Pode ficar para um volume 2. Primeiramente vimos se a gente mesmo gostava das versões. Nossos ouvidos foram exigentes!", assevera Jorge.

Com Chico Science (1966-1997) no vocal, o grupo reacendeu o culto por duas canções importantes da MPB, 'Maracatu Atômico', do repertório de Gilberto Gil, e 'Todos Estão Surdos', de Roberto e Erasmo Carlos, gravadas por Chico e Nação. Rola a mesma expectativa com o novo disco?

"Pode acontecer, se alguém mexer na obras de alguém pode criar interesse por aquilo. Depende dos arranjos, de como funcionar no palco. Nesse disco gravamos 'Não Há Dinheiro Que Pague' (também do repertório de Roberto Carlos) e quando tocávamos essa música nos shows,vimos que o público ficava louco".

A Nação, por sinal, foi bastante criticada após o show com Ney no Rock In Rio - por vários dias, jornalistas e também usuários de redes sociais se dividiram entre amor e ódio à apresentação. "Acho que quem estava lá curtiu. Não sei se a TV mostrou tudo o que fizemos", conta Jorge.

ROCK CARNAVAL

O DIA juntou Nação e Baiana nesta reportagem por dois motivos: 1) São bandas que, cada uma seu modo, dão uma cara brasileira para o rock; 2) Os dois grupos cultivam uma enorme admiração mútua. E no que depender de Jorge e de Roberto Barreto, guitarrista do BaianaSystem, vem trabalho juntos aí.

"Pô, vamos fazer algo, sim. O BaianaSystem tem um som original pra caramba, agregam a coisa da guitarra baiana. E dizem que têm influência da gente, o que é bem legal", alegra-se Jorge. "Nação Zumbi domina. Temos referências deles, sim, e já fizemos dois shows juntos. Estamos ficando cada vez mais próximos", felicita Roberto.

Se a Nação Zumbi misturou com guitarras os folguedos do Recife, o BaianaSystem ousa estreando seu bloco, o Navio Pirata, no Carnaval de São Paulo, no dia 17 de fevereiro. E faz uma pré da folia neste fim de semana na Fundição, tendo como convidados Pedro Luís e a sanfoneira e cantora Lucy Alves.

"Sempre chamamos convidados por onde passamos, gente que tem afinidade com os locais dos shows. Tocamos em muitos festivais ao longo do ano e estamos acostumados a pegar públicos que não são necessariamente os nossos. Acaba sendo um grande desafio", conta Roberto, que ao lado de Russo Passapusso (voz) e Marcelo Seco (baixo), ainda trata de tornar tudo mais desafiador no palco. O Baiana não costuma tocar as músicas como estão no disco, e dificilmente faz um show igual ao outro.

"Fizemos quatro noites no Sesc Pompeia e quem foi em todas, viu quatro shows diferentes", conta Roberto. O Baiana monta repertório para um novo disco - 'Duas Cidades', o mais recente, é de 2016. "Mas apostamos no lançamento de singles. Estamos soltando esse material para vermos o que vamos fazer com ele".

Você pode gostar
Comentários