Grupo de escola carioca vai embarcar amanhã para Ilha de Wight. Intercâmbio de uma semana terá workshop e ensaios variados -  Estefan Radovicz/Agência O Dia
Grupo de escola carioca vai embarcar amanhã para Ilha de Wight. Intercâmbio de uma semana terá workshop e ensaios variados Estefan Radovicz/Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Psicopedagoga e advogada engajada nas causas das pessoas com deficiência, Lu Rufino, 42, será a primeira porta-bandeira cadeirante a representar o samba fora do Brasil. É ela quem ostenta desde o ano passado, na Sapucaí, o pavilhão da Embaixadores da Alegria, agremiação pioneira voltada para a inclusão do segmento que há 10 anos abre os desfiles no Sábado das Campeãs. Lu e outros integrantes embarcam amanhã para a Ilha de Wight, na Costa Sul da Inglaterra, com a missão de ensinar o gingado carioca a um grupo carnavalesco local.

A Embaixadores da Alegria foi convidada para um intercâmbio cultural na ONG The New Carnival Company. A organização promove Carnaval no meio do ano na ilha e está formando sua primeira escola de samba, que terá pessoas com deficiência. O mestre-sala Lincoln Pereira, a rainha de bateria Fernanda Honorato (a primeira repórter do país com Síndrome de Down) e o carnavalesco Levi Cintra, membros da Embaixadores, também participarão do encontro internacional.

"Para mim fica um sentimento de igualdade, porque todas as porta-bandeiras saem do país representando o samba. Não quero ser olhada com sentimento de humanismo, mas de igualdade. Somos todas iguais. A diferença de mim para as outras é que eu sambo em uma cadeira de rodas", disse Lu, agradecida pelo desafio. Ela perdeu o movimento das pernas aos 8 anos de idade, vítima de poliomielite.

O mestre-sala e coreógrafo Lincoln Pereira, 54, faz parte da Embaixadores desde sua fundação. Durante a viagem, de uma semana, ele será responsável por ensaiar a rainha de bateria, um casal de mestre-sala e porta-bandeira e a comissão de frente da escola inglesa em formação, entre eles pessoas com deficiência. Ainda faz parte do roteiro da visita um workshop aberto à comunidade.

"Queria deixar registrado que a alegria e o alto astral são de graça! Cabe a nós, pessoas consideradas 'normais', abrir espaço para que essas pessoas não favorecidas fisicamente possam ter momentos de alegria e incluí-los nessa festa em que a beleza e o corpo perfeito são tão enaltecidos", declarou Lincoln, que não tem deficiência física.

Em seu desfile deste ano, a Embaixadores levará à Sapucaí o enredo 'Super-Heróis', abordando as superações de pessoas com deficiência. "O tema destaca a superação de mães guerreiras que têm seus filhos eternamente deficientes e leva à reflexão sobre a fragilidade que qualquer ser humano tem de se tornar deficiente físico de repente", explicou Lincoln.

PROGRAMAÇÃO DOS BLOCOS
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AMANHÃ
Às 10h, Chame Gente, na Pref. Mendes de Moraes, São Conrado
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Às 14h, Põe na Quentinha, na Conselheiro Saraiva 39, Centro
Às 16h, Seu Kuka é eu do Grajaú, no Largo Maria Martha Ward, Grajaú
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Às 16h, Sempre Vila, na Sousa Franco, Vila Isabel
Às 16h, É Pequeno mas não amolece, na Praça Professor Niremberg, Recreio
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Às 17h30, Banda de Ipanema, na General Osório, Ipanema
Às 17h30, Turma da Paz de Madureira, em frente ao Império Serrano, Madureira
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Às 18h, Liga da Zona Portuária, na Praça da Harmonia, Centro
DOMINGO
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Às 14h, Banda do Jiló, na Pinto de Figueiredo 26, Tijuca
Às 14h, Só Caminha, no Largo dos Leões, Humaitá
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Às 16h30, Divas do Recreio, no Quiosque 10, Recreio
Às 17h, Xodó da Piedade, na Mario Carpenter, Piedade
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Vaquinha para desfile de bloco
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Criado em 2001 para promover a integração social de pacientes de saúde mental com a festa de Momo, o bloco Loucura Suburbana lançou uma campanha de arrecadação de recursos para garantir o desfile deste ano. O grupo, que começou com 200 seguidores, atrai, em média, mil foliões pelas ruas do Engenho de Dentro na quinta-feira anterior ao Carnaval. Seu lema é a luta contra o enclausuramento de pessoas em hospícios.
As doações, a partir de R$ 10, podem ser feitas no site www.catarse.me/loucurasuburbana até o dia 7 de fevereiro. A meta é arrecadar R$ 15 mil. Segundo os organizadores, a quantia representa um quarto dos custos necessários para o bloco sair. Até ontem, 93 pessoas tinham colaborado, somando R$ 5,4 mil.
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A psicóloga Ariadne Mendes, coordenadora do bloco, explicou que o grupo sofreu dificuldades para obter patrocínio este ano devido ao contexto de crise econômica do país. Segundo ela, o projeto, que também oferece oficinas para pessoas com deficiência em um ponto de cultura na sede do Instituto Municipal Nise da Silveira, no mesmo bairro, foi afetado pelo fim dos editais públicos de fomento nas áreas de cultura e saúde.
"Vamos sair de qualquer jeito. Temos esperança de conseguir o valor e tem fornecedor já diminuindo preços", contou Ariadne. O desfile será no dia 8 de fevereiro, com concentração às 16h no Instituto Nise da Silveira.
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