Zanna - Adriano Fagundes/Divulgação
ZannaAdriano Fagundes/Divulgação
Por Gabriel Sobreira

Se você pega o Metrô Rio com frequência, certamente está acostumado com a voz de Zanna. Desde 2011, é dela a fala oficial da empresa ferroviária indicando os nomes das estações e avisos de integração, entre outros alertas sonoros. Carioca de Jacarepaguá, ela agora mora no Jardim Botânico, é cantora, compositora e violonista, e apresenta o seu primeiro CD solo autoral, hoje, às 20h30, no Solar de Botafogo, antes de embarcar para Las Vegas, onde seu álbum concorre em três categorias do 18º Grammy Latino, no próximo dia 16: Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, Melhor Álbum de Engenharia de Gravação e Produtor do Ano, para Moogie Canazio.

"É uma coisa que você não espera. De repente, virei a voz do Metrô. Me dá muita alegria de fazer e ver que meu trabalho tem uma função diária na vida das pessoas. Alguns curiosos jogam no Google 'a voz do Metrô Rio' e encontram a minha página. Já recebi convite para jantar, tem um menino cego que o programa dele de domingo é ir ao Metrô para ouvir a minha voz", diz, cheia de orgulho.

RÁDIOS

Com influências de Clube da Esquina, Heitor Villa-Lobos e Tom Jobim, além de Björk e Massive Attack, Zanna conta que o universo musical está tentando entender qual o novo formato de se lançar artistas. "As rádios e gravadoras estão priorizando o sertanejo e o funk. Nada contra, mas temos que ter nosso espaço. As rádios estão fazendo o que podem fazer e cabe a nós, classe artística, incentivar estilos musicais. Quando se faz um trabalho bom, em que se acredita e que não está ali por questões mercadológicas, esse trabalho vai achar o lugar dele. A minha grande bandeira é restabelecer e ressuscitar a música brasileira de qualidade", defende.

ESPECIAL

Compositora desde os 13 anos - a idade atual ela não revela sob hipótese alguma -, Zanna esperou 20 anos para lançar o atual álbum que leva seu nome. "Com quase 30 anos, resolvi compor loucamente e lançar o meu disco solo somente quando estivesse madura, segura, mais completa. Quando se tem um material especial na mão, não pode fazer qualquer coisa. Merece um tratamento especial. Queria uma coisa grande, importante. Não queria fazer um disquinho. Quando vi o Brasil nessa crise maluca, eu percebi que estava pronta. Tenho uma empresa - uma agência de sound branding, em tradução livre, o som da marca -, me banco, tenho uma grana guardada. Resolvi fazer no nível que quero, acima da média, e tive que esperar ter grana e convidar as pessoas que queria. É um trabalho a muitas mãos", define ela, que tem 300 composições.

PARCEIROS

Para esse lançamento, Zanna se cercou de nomes como o do produtor Moogie Canazio, um dos responsáveis pela engenharia de som do álbum 'Zanna'. Canazio já trabalhou com artistas como Sergio Mendes, Maria Bethania e Caetano, e contabiliza oito Grammys na carreira. "Ele é um dos maiores produtores brasileiros. Sabia a estética que queria e chamei Eduardo Souto Neto para fazer os arranjos de corda. Então tem seis músicas com arranjos de orquestra. Fiz questão de trazer a nata de artistas e músicos", gaba-se. "A gente foi para Los Angeles, nos Estados Unidos, para gravar. Tivemos também participação de músicos norte-americanos como Tim Pierce e Dan Fornero. Gravamos em um dos maiores estúdios, o Capitol. É um bafo lá. Chegar e ver as fotos de ícones que passaram por lá como Frank Sinatra, The Beatles, é um museu vivo da música", vibra.

O SHOW

Para o show de hoje à noite, no Solar de Botafogo, a banda será formada por Emerson Mardhine (baixo e direção musical), Carlos Cezar (percussão), Janaina Salles (violoncelo) e Rodrigo Sha (sopros). A direção de cena é de Daniele do Rosário. No repertório da apresentação, além de todas as faixas do álbum, a artista acrescentou 'Caso Sério', da Rita Lee e Roberto de Carvalho, e 'Toada', de Claudio Nucci e Zé Renato.

"O meu sonho de vida, o que me faz acordar todo dia de manhã é transformar, ajudar através do som. Faço isso pela minha agência colocando música de passarinho no Metrô para deixar as pessoas mais calmas. Não importa o meio. O meu objetivo de vida é usar a música como ferramenta para tornar o mundo um lugar melhor", salienta ela, entre risos.

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