O discurso de Janot impressiona pela crueza e traz esperanças aos contribuintes que estão desorientados diante do noticiário. Por piores que sejam as denúncias que se abatem sobre a Petrobras, tudo indica que os autores dos desvios não vão ficar impunes. A Polícia Federal e o Ministério Público estão cumprindo seu papel e têm recebido amplo respaldo do Supremo Tribunal Federal. Há motivos para acreditar que os criminosos “vão conhecer o cárcere”. O que destoa, porém, é a atuação do Congresso, pelo menos na atual legislatura. Como diz o ditado popular, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Ainda não foram revelados, no inteiro teor, os nomes dos políticos que se beneficiaram do propinoduto da Petrobrás. Mas, a esta altura, está claro que a lista é longa e deve atingir gente graúda da vida pública. Segundo a delação premiada de Paulo Roberto Costa, serão mais de 40 nomes.
Sabe-se, agora, que sete dos 16 integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurou o escândalo da Petrobras receberam em suas campanhas financiamentos de empreiteiras. O senador Humberto Costa (PT-PE), por exemplo, foi brindado com R$ 1 milhão da Camargo Corrêa e R$ 500 mil da OAS. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que se diz contra o financiamento privado de campanhas, também recebeu R$ 500 mil da Camargo Corrêa. Até o relator Marco Maia (PT-RS) contou com R$ 330 mil para cobrir as despesas com a eleição. Nenhum deles, obviamente, sentiu-se impedido de participar dos trabalhos da CPMI. Não viram qualquer conflito de interesse em investigar as empresas que custearam suas candidaturas. Se a CPMI não convocou executivos de empreiteiras para depor, deve ter sido por mera coincidência.