Rio - O baiano Moraes Moreira é cultuado pelo som inovador que fez como líder do grupo Novos Baianos de 1969 a 1974. Mas a sua obra pós-grupo também é importante. Ao cair no samba e nos ritmos nordestinos com olhar tropicalista, o compositor subiu a ladeira e se tornou um dos precursores da carnavalesca música pop baiana, eletrificando o som dos trios. A evolução da obra solo de Moraes pode ser acompanhada através da audição dos quatro álbuns reeditados na boa caixa ‘Anos 70’, lançada pelo selo carioca Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes.

A caixa embala reedições de quatro álbuns lançados por Moraes entre 1975 e 1979. Título mais raro do lote, ‘Moraes Moreira’, de 1975, é disco de tom roqueiro que soa como extensão do trabalho do artista com os Novos Baianos. Foi gravado com o grupo A Cor do Som, fruto dos Novos Baianos. Inclui ‘Guitarra baiana’, tema da trilha sonora da novela ‘Gabriela’ (TV Globo, 1975), e a regravação de ‘Se você pensa’ (1968), rock de Roberto Carlos já na fase pós-Jovem Guarda.
‘Cara e coração’ (1976), segundo título da caixa, é disco mais voltado para o samba. Há, inclusive, samba chamado ‘O que é... o que é’, de título similar ao samba que Gonzaguinha (1945-1991) lançaria em 1982. Moraes regravou samba de Herivelto Martins (1912 - 1992), ‘Às 3 da manhã’, mas o grande hit do disco foi ‘Pombo correio’, versão letrada (por Moraes) de tema de Dodô & Osmar, dupla pioneira da folia baiana.
‘Alto falante’ (1978), o disco seguinte, abre e consolida de cara a parceria de Moraes Moreira com o poeta cearense Fausto Nilo, coautor de metade das 12 faixas do álbum.
‘Lá vem o Brasil descendo a ladeira’ (1979) é o último e melhor disco da caixa. O samba-título é de Moraes com Pepeu Gomes. Com repertório primoroso, o álbum é belo retrato da evolução do artista.