Rio - Famoso pelas letras profundas de suas canções, o uruguaio Jorge Drexler tinha um objetivo simples com seu álbum mais recente, ‘Bailar en la Cueva’: fazer dançar, como o título entrega. “Tenho muita vontade de fazer músicas com ideias e sentimentos, mas queria fazer um disco que falasse ao corpo. Neste momento da minha vida, eu ‘desfruto’ de dançar. Passei quatro anos viajando com o outro álbum. Depois dos ‘concertos’, caía na balada”, diz, numa charmosa mistura de português e espanhol.

Para conseguir esse clima, ele foi até Bogotá, na Colômbia, onde gravou uma parte do disco — a outra foi feita em Madri, na Espanha, onde Drexler vive há anos. “Adoro a música colombiana, tenho família na Colômbia e sempre trazia música de lá. Quis conhecer melhor a cena musical do país. Eles fazem uma música contemporânea sofisticada. A do Brasil, nesse sentido, é bem parecida. O CD poderia ter sido feito no Brasil, mas eu queria ‘provar’ um mundo um pouco diferente”, explica.
Além do grupo colombiano Bomba Estereo, o disco traz participações da cantora chilena Ana Tijoux, do músico porto-riquenho Eduardo Cabra (da banda Calle 13) e de Caetano Veloso. “Já tinha vontade de trabalhar com ele há muito tempo (risos). Conheço bem o repertório dele e sua música significa muito para o que faço. Fui ver o (show do CD) ‘Abraçaço’ em Bogotá e ele me chamou para jantar. Estávamos em um restaurante com sua equipe quando alguém que não conhecíamos disse: ‘E vocês dois, quando vão fazer algo juntos?’ O Caetano respondeu: ‘Eu gostaria muito.’ Falei: ‘Se é verdade, estou fazendo um disco aqui, amanhã te mando uma música.’ Era ‘Bolívia’, que o filho dele, Moreno, batizou de ‘cumbia tropicalista’.”
Amigo de diversos músicos daqui, Drexler revela o desejo de gravar com outro brasileiro: Chico Buarque. “Só nos encontramos pessoalmente uma vez, por alguns minutos, em uma sala de ensaios no Rio. Para mim, ele é o maior compositor do mundo iberoamericano, talvez o maior do mundo. É o meu preferido”, elogia. “Gravar com ele seria um sonho. Esse é um convite público (risos). Mas já fico feliz só em ouvir a música dele.”
Morando em Madri e casado com a atriz e cantora espanhola Leonor Watling, Drexler, no entanto, revelou desde o início da Copa que iria torcer pela Celeste. “Adoro a Espanha, mas não tinha como eu não torcer para o Uruguai, assim como meus filhos (Pablo, 16 anos, do casamento com a cantora Ana Laan; e Luca, 5, e Lea, 3, do atual relacionamento). Volto para lá com frequência. Meus filhos têm uma relação direta com o país. E estou muito orgulhoso do momento histórico que ele está vivendo. O Uruguai nunca teve uma imagem tão favorável como a que o (presidente) Mujica deu. Ele sabe o que importa ao mostrar o país para o mundo.”